Desde setembro, já foram autorizados 49 pedidos para tratar doentes com hepatite C em situação mais grave, em risco de evoluir para cirrose ou cancro do fígado, com o fármaco inovador do laboratório norte-americano Gilead Sciences, autorizado em janeiro pela Agência Europeia do Medicamento. A informação é da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Também em setembro,  o Infarmed definiu tratar com o Sofosbuvir, até dezembro, entre 100 a 150 portugueses. Em 2015 a ideia era que o fármaco chegasse a mais de 1.000 pessoas.

No entanto, em declarações à Antena 1, a presidente da Associação SOS Hepatites afirma que há apenas entre 11 a 15 doentes mais graves a receber tratamento, um número que difere do que foi avançado pelo Infarmed.

"Seja do hospital, seja do Infarmed, seja culpa de quem for, os doentes continuam a agravar a sua patologia, a doença vai progredindo”, alerta Emília Rodrigues.

A responsável explica que os médicos estão a reavaliar as situações, porque as normas de acesso ao medicamento mudaram. Por outro lado, as administrações hospitalares não estão a enviar os pedidos de autorização especiais para o Infarmed.

Os novos tratamentos para a hepatite C têm taxas de cura superiores a 90% e poderiam evitar, até 2030, quase 500 transplantes hepáticos em Portugal e 8500 mortes prematuras relacionadas com esta doença. As conclusões fazem parte do estudo "Hepatite C: Um Modelo de Saúde Pública", publicado no Journal of Viral Hepatitis, e que será apresentado esta quinta-feira num painel sobre financiamento e contratualização da hepatite C inserido no 5.º Congresso Internacional dos Hospitais.