“Os voluntários da CVP desempenharam um papel fundamental”, afirmou à Lusa o presidente da CVP, Francisco George, recordando o trabalho desenvolvido pelas ‘damas-enfermeiras’, voluntárias que acudiam aos doentes, onde quer que estes se encontrassem.

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Muitas delas acabaram por morrer, afirmou, enquanto exibia dois dos vários bustos alusivos a estas voluntárias, que se encontram nas instalações da CVP.

“Colunas de ‘damas-enfermeiras’ saíam de Lisboa a caminho dos sítios mais afetados, nomeadamente no Minho, e fizeram um trabalho notável”, disse o ex-diretor-geral da Saúde.

Outra tarefa das ‘damas-enfermeiras’ foi cuidar das crianças no orfanato improvisado na Ajuda, em Lisboa, onde viviam os que tinham perdido os pais na pandemia.

Este orfanato, recordou, foi várias vezes visitado pelo Presidente da República de então, Sidónio Pais, que durante as suas deslocações distribuiu cobertores.

“Sidónio visitou estes estabelecimentos da CVP, incluindo o orfanato da Ajuda, onde distribuiu cobertores. Era o medicamento que na altura era mais distribuído e necessário, tal a pobreza do país”, disse.

Heroínas na luta contra a doença

Francisco George não entende a razão pela qual a figura das ‘damas-enfermeiras’ é tão “pouco descrita” na literatura. Contudo, “ficou para sempre inscrita como heroínas na luta contra a doença”.

“Estavam na frente, não só na frente da guerra, dos hospitais de campanha, como também na frente dos orfanatos e dos hospitais que tratavam da pneumónica”, adiantou.

À CVP foi ainda atribuída por Sidónio Pais a tarefa de transportar os “epidemiados”, como eram designadas as pessoas atingidas pelo vírus da gripe, em ambulâncias criadas na época e que eram puxados por voluntários da instituição até aos hospitais, nomeadamente os improvisados criados para esse fim.

Na sede da CVP, além de boletins clínicos dos doentes com “gripe espanhola” e fotografias dos hospitais e orfanatos improvisados, consta ainda uma ambulância que transportou muitos dos “epidemiados”.

Também conhecida como pneumónica, porque os doentes morriam de pneumonia, a pandemia teve duas vagas, uma no verão, outra em outubro, matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, mais do que a I Guerra Mundial, das quais entre 50 mil e 70 mil em Portugal, e ainda hoje é incerta a sua origem.