“Há algumas consultas que têm sido canceladas e há serviços dos hospitais que estão a funcionar, mas com lentidão. Deveriam ter quatro e cinco funcionários, mas só estão com dois”, afirmou à agência Lusa Joaquim Grácio, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap).

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Segundo o sindicalista, coordenador da secção regional do Alentejo do Sintap, a adesão à greve, neste que é o primeiro de dois dias de paralisação, “ronda os 70%” nos hospitais alentejanos.

“A adesão ronda os 70%” nos hospitais de Beja, Évora e Portalegre”, sendo ligeiramente superior, na ordem “dos 75%”, no Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém (Setúbal), precisou.

A paralisação, destacou Joaquim Grácio, “está a ter um efeito importante” e “os trabalhadores necessitam de mostrar claramente ao Governo” as razões que os levam ao protesto.

“Os trabalhadores estão a lutar pela dignificação das carreiras e pelas 35 horas de trabalho para todos. E alguns deles, há 10 anos ou mais, têm sempre o mesmo salário, que é baixíssimo, pelo que reivindicamos a progressão nas carreiras e a assinatura do acordo coletivo de trabalho que está em cima da mesa há cerca de seis anos”, resumiu.

No Hospital de Portalegre, Margarida Bragança, residente em Avis, foi uma das utentes afetadas esta manhã, como constatou a Lusa no local.

A habitante viajou de táxi desde casa até à sede de distrito, numa distância de cerca de 80 quilómetros, para uma consulta de cirurgia, mas teve de voltar para trás sem ser observada por um médico e sem obter respostas sobre uma futura deslocação à unidade hospitalar para ser examinada.

“Não há autocarros com horários normais para deslocar-me de Avis para Portalegre. Tenho que pagar cerca de 60 euros de táxi e agora é isto, não tenho consulta”, lamentou à Lusa.

Igual sorte teve o utente João Ameixa, que viajou desde a freguesia de Vale de Cavalos, no concelho de Portalegre, para desmarcar uma consulta que estava agendada há mais de seis meses.

“Queria desmarcar a consulta e pedir para remarcar para outra data, mas já vi que não vai ser possível. Eu vi isto (balcão de atendimento) fechado e já estava aqui há um bocado à espera, pois, pensava que abria mais tarde, mas afinal não”, lamentou.

Ao longo da manhã foi este o “filme” nas consultas externas do Hospital de Portalegre, como observou a Lusa. A maioria dos utentes que se deslocou ao serviço abandonou pouco depois o edifício, apesar de uma “minoria de resistentes” ter optado por aguardar por uma resposta, junto aos respetivos gabinetes médicos ou na sala de espera.

“Os serviços estão a ser afetados na ordem dos 90%. Os restantes setores do hospital e centros de saúde estão a funcionar com normalidade”, disse à Lusa o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Ilídio Pinto Cardoso.

Já no Centro de Saúde de Portalegre, a Lusa constatou que os serviços funcionavam com normalidade, não se fazendo sentir os efeitos da greve, que continua na quinta-feira.