No Hospital de Portimão, várias dezenas de pessoas aguardavam, pelas 10:00, para serem atendidas nas consultas externas, enquanto nos serviços de urgência o atendimento decorria com normalidade, com pouca afluência, não se fazendo notar os efeitos da paralisação.

Nas consultas externas daquela unidade de Portimão, apenas duas funcionárias asseguravam o atendimento, motivando várias críticas dos utentes, devido ao elevado tempo de espera.

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“Isto não é admissível, o atendimento para as consultas e exames está muito demorado. Os funcionários deviam respeitar mais os doentes, pois, por vezes, não têm condições para suportar a demora”, disse à Lusa um dos utentes das consultas externas daquela unidade de saúde.

José de Freitas lamentou o facto de as “greves apenas penalizarem quem tem necessidade de recorrer aos serviços de saúde”, sublinhando que quem ali se desloca “não o faz por prazer”.

O descontentamento pelo elevado tempo de espera era o sentimento comum dos vários utentes ouvidos pela Lusa, que partilhavam também as críticas aos funcionários “por ser marcada a greve para uma sexta-feira”.

“Os serviços de saúde já não funcionam bem nos dias normais em que não há greve e os funcionários escolhem precisamente uma sexta-feira para a greve. Isto só demonstra que não estão preocupados com os serviços, mas apenas com o seu bem-estar pessoal”, indicou Carlos Pacheco, enquanto aguardava para ser atendido.

Além do atendimento, a paralisação está a ter também efeitos ao nível dos auxiliares, com poucos profissionais nos serviços, conforme constatou a Lusa no local.

Em Vila Real de Santo António, os utentes do Centro de Saúde tinham hoje de manhã sortes distintas, se pertencessem à Unidade Saúde Familiar (USF) Esteva ou à Levante, as duas que integram o centro.

Na USF Esteva, os postos de atendimento administrativos estavam vazios e as salas de espera sem pessoas e apenas estavam a ser feitas algumas consultas já programadas, mas com limitações ao nível de marcações e de atos administrativos, como explicou à agência Lusa uma doente que viu o seu atendimento ser adiado.

“Eu vinha à consulta do dia, por causa de uma dor na garganta, mas disseram-me que não podia fazer nada por causa da greve e pediram-me para vir na terça-feira”, disse António Castro.

Se na USF Esteva apenas era visíveis corredores com poucas pessoas e praticamente vazios, na USF Levante o ambiente era já diferente e nas salas de espera podiam-se ver utentes a aguardar pelo atendimento e a sua consulta.

“A funcionária administrativa que assiste a médica veio trabalhar e tudo correu normalmente, mas sei de pessoas que tiveram dificuldades hoje aqui no centro de saúde”, afirmou Carla Fragoso, que se deslocou a Vila Real de Santo António de uma localidade a cerca de cinco quilómetros para acompanhar um familiar à consulta de hoje.

Os trabalhadores reivindicam a aplicação do horário de trabalho de 35 horas semanais, progressão de carreira, dignificação das carreiras da área da saúde, reforço de recursos humanos, pagamento de horas de trabalho extraordinário, e a aplicação do subsistema de saúde ADSE (para funcionários públicos) a todos os trabalhadores.

No pré-aviso de greve estão abrangidos os trabalhadores, exceto médicos e enfermeiros, que trabalham nos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como os hospitais, que “sentem forte indignação pela degradação crescente das suas condições de trabalho”.