
A fila de ambulâncias junto às consultas externas do Hospital de Portalegre até poderia pressupor um dia normal, mas os utentes depararam-se hoje, devido à greve dos trabalhadores da Saúde, com repartições fechadas ou em serviços mínimos.
Uma das utentes afetadas esta manhã foi Joaquina Carrilho, residente em Alvarrões, no concelho de Marvão (Portalegre), que viajou, “em vão”, para a sede de distrito, de táxi, para efetuar exames e para uma consulta de cardiologia.
“Vou pagar 16 euros de táxi. Não sabia da greve e, agora, não sei o que fazer. Vou tentar saber junto dos enfermeiros ou dos médicos quando é que regresso para ser consultada”, lamentou à agência Lusa a utente.
Igual sorte teve Fernando Raimundo, que mora em Portalegre e que, quando a Lusa esteve esta manhã no hospital, aguardava por esclarecimentos junto ao secretariado das consultas externas, após o adiamento da microcirurgia agendada: “Disseram-me apenas que a marcavam para outro dia, vou aguardar”.
Ao longo da manhã, foi este o “filme” nas consultas externas do Hospital de Portalegre, com os utentes a depararem-se com serviços encerrados.
“O secretariado das consultas externas, meios complementares de diagnóstico e bloco operatório só estão a trabalhar em caso de urgência”, disse à Lusa o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Ilídio Pinto Cardoso.
Já no distrito de Évora, no Centro de Saúde de Viana do Alentejo, constatou a Lusa no local, os utentes com análises marcadas saíram de “mãos a abanar” porque o serviço esteve encerrado, devido à greve.
“Vim do campo”, a alguns quilómetros da sede de concelho, “e cheguei aqui às 08:30, em jejum, como me tinham dito, e não consegui fazer as análises”, relatou à Lusa Maria Carolina Matias.
Como também tinha de levar uma injeção, a utente permaneceu no centro de Saúde e, quando aproveitou para “comer alguma coisa” e “viu as reportagens na televisão”, é que se apercebeu da greve.
A chegada do administrativo ao secretariado, às 09:00, e a informação de que o protesto não abrange enfermeiros, nem médicos, levou-a a suspirar de alívio, bem como aos outros utentes que estavam à espera de ser atendidos: “Pronto, ao menos desenrasco esta parte”.
No hospital de Évora, a greve dos trabalhadores do setor da Saúde está a afetar vários serviços, como as urgências, análises, esterilização, ortopedia, ambulatório e cardiologia, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, afeto à CGTP.
Margarida Machado, coordenadora distrital de Évora do sindicato, disse à Lusa que a paralisação conta com uma adesão superior entre os assistentes operacionais, antigos auxiliares, embora também abranja os assistentes técnicos, os antigos funcionários administrativos.
"No hospital de Évora, há uma grande adesão à greve, que atinge os 100% em vários serviços", afirmou a sindicalista, indicando que uma das principais preocupações dos trabalhadores passa pela falta de pessoal.
No hospital de Beja, a adesão à greve nas Urgências foi de 100% no turno da madrugada e o mesmo está a acontecer no das 08:00 às 16:00, tal como nos serviços de esterilização e de farmácia, rondando os 80% nos restantes, disse a delegação distrital do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas.
Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, a greve, que abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, visa "exigir do Governo a satisfação de um conjunto vasto de reivindicações para a melhoria das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores da Saúde e a defesa do Serviço Nacional de Saúde", referiu o sindicato, em comunicado.
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