Em declarações à Lusa, à porta das Consultas Externas daquela unidade hospitalar, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, Orlando Gonçalves, congratulou-se com a “forte adesão” à luta por parte dos trabalhadores, salientando que este “é um alerta” ao Governo.

No Hospital de São João, disse, os blocos operatórios “estão fechados”, funcionam apenas em serviços mínimos e a recolha de sangue para análises não se está a realizar, o que está a provocar protestos por parte dos utentes, que se dizem “enganados e gozados".

“O balanço feito a esta hora [09:00] mostra uma adesão de 85% dos trabalhadores a esta luta. O impacto da greve tem sido bastante grande aqui no São João (…). Os trabalhadores estão a dar a resposta que de facto tem que ser dada, é mais do que justificada esta greve e o protesto que temos amanhã [sábado] em Lisboa”, afirmou Orlando Gonçalves.

Segundo o sindicalista, a adesão à greve deve-se “à postura” do Governo: “As pessoas não conseguem continuar a viver desta forma, com o aumento brutal do custo de vida, dos juros, inflação e especulação, e o Governo, em vez de andar com subsídios, tem é de dar aumentos salariais porque até há folga orçamental para isso”.

Do lado dos utentes do Hospital de São João há “alguma compreensão” pelos motivos da greve, mas as queixas são muitas.

“Não se admite que não avisem, recebemos as mensagens para vir à recolha para análises e depois chegamos aqui, estamos à espera e quase uma hora depois aparece um senhor a dizer para irmos todos embora e telefonarmos depois”, referiu Maria Ondina, que veio de Amarante para a recolha sangue para análises.

Para Ana Gouveia, “a greve podia ser feita de outra forma, [para] não prejudicar tanto quem vem de longe para nada”.

“Eu até entendo a greve mas chegamos aqui e nada. Sentimo-nos gozados e enganados. Andámos meses à espera que nos chamem e depois é isto. Além disso, dizem para telefonarmos depois mas já sabemos que ninguém atende”, referiu a utente, de 78 anos, que veio da Maia.

Além dos serviços no Hospital de S. João, Orlando Gonçalves referiu que a Loja do Cidadão do Porto encerrou, mas sem adiantar dados sobre a adesão à greve neste local.

O sindicalista disse ainda que a greve provocou constrangimentos nos serviços de Finanças Públicas e que na Segurança Social só foram autorizadas “15 senhas para atendimento”.

A greve nacional dos funcionários públicos começou às 00:00 e está marcada para sábado uma manifestação nacional, em Lisboa, promovida pela CGTP, pelo aumento geral dos salários e das pensões face à subida do custo de vida.