
Genes associados a bactérias resistentes a antibióticos foram descobertos no norte do Ártico, em Svalbar, revela o jornal The Independent que cita um estudo da Universidade de Newcastle. Segundo os cientistas daquela instituição de ensino, foram identificados naquela região genes como o blaNDM-1, o que pode conferir às bactérias resistência a carbapenemas, os antibióticos de último recurso no tratamento de infeções graves.
O uso excessivo de antibióticos é uma das causas comprovadas do desenvolvimento de resistência, mas esta descoberta, numa região tão isolada, mostra que também a falta de saneamento pode ter influência. Quatro em cada dez países subdesenvolvidos não têm acesso garantido a água limpa nem condições sanitárias básicas.
Investigadores da Universidade de Newcastle estimam que a introduzam destes genes no ecossistema do Ártico foi causada, provavelmente, por excrementos de aves migratórias ou de visitantes humanos na região.
"Menos de três anos após a primeira deteção do gene blaNDM-1 nas águas superficiais da Índia urbana, encontramo-los a milhares de quilómetros de distância numa área onde houve um impacto humano mínimo", comenta David Graham, investigador e professor daquela universidade.
"A invasão de áreas como o Ártico reforça a rapidez e o alcance da disseminação da resistência aos antibióticos, confirmando que as soluções para a resistência aos antibióticos devem ser vistas em termos globais, e não apenas locais", assevera.
Alerta da OMS
Em novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que o consumo excessivo e o subconsumo de antibióticos são as principais causas de resistência antimicrobiana e do aparecimento de "superbactérias" mortais.
“Sem antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perderemos a nossa capacidade de tratar infeções generalizadas como pneumonia", alerta Suzanne Hill, chefe da unidade de medicamentos essenciais da OMS.
Estas bactérias foram responsáveis pela morte de 33 mil pessoas na União Europeia em 2015, segundo cálculos de cientistas europeus publicados no ano passado na revista The Lancet Infectious Diseases.
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