“Estou confiante no plano que o Governo tem, mas esse plano deve ser executado e se for bem executado, esperamos que em 2024 a maioria destas crianças seja alcançada”, disse hoje à Lusa o diretor-executivo de Programas da GAVI, Thabani Maphosa.

Maphosa falava depois de uma visita a Moçambique, que terminou na terça-feira, de uma missão de alto nível daquela entidade internacional.

O responsável avançou que 600 mil crianças moçambicanas falharam a vacinação contra a pneumonia, diarreias e difteria, devido às limitações impostas pela guerra na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, calamidades naturais, principalmente na região centro, e pela covid-19.

“Tenho uma grande esperança de que Moçambique pode contornar a situação, a razão pela qual viemos ao país era porque estávamos preocupados com o recuo do país na vacinação”, declarou, realçando que o país “costumava ter um bom desempenho” nesse domínio.

O diretor-executivo de Programas da GAVI avançou que vão chegar este mês as vacinas necessárias para a imunização das crianças que falharam o programa nos últimos anos, salientando que o desafio de aumentar a abrangência vai continuar, porque “nascem crianças todos os anos”.

Thabani Maphosa disse que a GAVI desembolsou 12 milhões de dólares (11,1 milhões de euros) para ajudar Moçambique no plano de imunização das crianças que não foram incluídas nas campanhas dos últimos anos.

“As vacinas vão chegar este mês, porque Moçambique também esta preocupado e toma a situação a sério”, enfatizou Maphosa.

“Contribuímos com um montante significativo para as vacinas, mas também contribuímos com muito dinheiro para assegurar que o sistema de saúde preste cuidados”, sublinhou.

Desde o início da cooperação com Moçambique, em 2021, a GAVI desembolsou a favor do sistema de saúde do país africano cerca de 600 milhões de dólares (555,9 milhões de euros).

O diretor-executivo de programas da GAVI adiantou ainda que o país poderá introduzir no próximo ano vacinas de prevenção contra a malária e contra a cólera, dada a vulnerabilidade provocada por inundações na propagação destas doenças.

Por outro lado, a GAVI vai avaliar o interesse das autoridades moçambicanas de se candidatarem à introdução da vacina contra a hepatite B nos recém-nascidos e da vacina “hexavalente”, um fármaco que combina numa dose seis medicamentos contra várias doenças, prosseguiu.

“Vamos abrir uma janela e o Governo vai ficar feliz em candidatar-se” para o acesso a essas vacinas, frisou Thabani Maphosa.

Maphosa apontou o imperativo de os países africanos desenvolverem uma estratégia de autonomia na posse de vacinas, através de uma produção própria, para se protegerem da tentação “do nacionalismo das vacinas”, como aconteceu na pandemia da covid-19.

Nesse sentido, foi aprovada na última semana uma verba de mil milhões de dólares (926 milhões de euros) para programas de pesquisa de vacinas em África, frisou Maphosa.

O responsável defendeu que Moçambique tem de construir um sistema de saúde resiliente contra o impacto das mudanças climáticas, uma vez que vai registando uma eclosão de doenças ligadas a ciclones e inundações.

A abordagem passa por fortalecer os cuidados de saúde primários e a prevenção de surtos nas comunidades, concluiu.