4 de março de 2014 - 10h30

A Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP) vai na quarta-feira ao Parlamento debater o aumento do número de internamentos e de mortes por doenças respiratórias e apresentar propostas para diminuir estas cifras.

Na base da audição da FPP na Comissão de Saúde está o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), segundo o qual as doenças do foro respiratório foram responsáveis, em 2012, pela morte de 50 portugueses por dia, um aumento de 17% face ao ano anterior.

Os dados indicam que “houve um aumento do número de internamentos e um aumento da mortalidade” devidos a estas doenças, disse hoje à agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa do Pulmão.

“São aspetos que, obviamente, nos preocupam e para os quais teremos de encontrar soluções”, adiantou Teles de Araújo.

Nesse sentido, adiantou, além do debate dos dados do ONDR, a FPP irá apresentar, na comissão parlamentar, algumas propostas, que passam por “uma aposta muito forte nas áreas da prevenção” e pelo diagnóstico precoce de algumas doenças crónicas.

“Quanto mais precoce for o diagnóstico, por exemplo, de uma doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), melhor será o prognóstico e melhor será a qualidade de vida do doente respiratório crónico”, sustentou.

Teles de Araújo defendeu que, apesar da situação de crise que o país atravessa e de não poder haver "um grande aumento da despesa”, é necessário “encontrar soluções que permitam diminuir” o número de internamentos e de mortes.

O pneumologista lembrou que, em situações de crise, “as doenças aumentam e as doenças respiratórias são muito sensíveis a isso, não só pelos aspetos que a crise possa dificultar, como o acesso à medicação”, mas também pela degradação das condições sociais: “Maior pobreza e situações de stress mais acentuado são fatores que facilitam as doenças”.

No entanto, o responsável ressalvou que não há indicadores que refiram que a dificuldade no acesso à medicação “seja um problema ainda muito sério em Portugal, mas ter-se-á que ter em conta”.

“Pensamos que em Portugal não tem havido uma redução na área de prevenção relacionada com a crise, mas pensamos que há muito mais a fazer nessa área”, sustentou.

Segundo o relatório, elaborado pela Fundação Portuguesa do Pulmão, morreram, em 2012, 13.908 portugueses por doenças respiratórias.

A este número acrescem 4.012 óbitos por cancros da traqueia, brônquios e pulmão, o que representa um aumento de 16,58% em relação a 2011 e de 24,07% em relação a 2005.

No documento lê-se que houve um aumento da mortalidade em todas as patologias, à exceção da tuberculose, e uma relativa estabilização em relação aos cancros.

Nesse ano, foram internados 70.546 doentes (64.122 em 2011) por motivos de asma, DPOC, pneumonias, fibroses, neoplasias, bronquiectasias, patologia pleural, tuberculose e gripe.

As três principais causas de internamento foram as pneumonias (43.275 casos, 61,4%), a DPOC (8,967 casos, 12,7%) e as neoplasias (6.322 casos, 9%).

Por insuficiência respiratória foram internadas 51.322 pessoas (45.395 em 2011).

Lusa