“Percebemos que as crianças expostas à diabetes ‘in utero’ apresentam uma trajetória de pressão arterial sistólica mais acelerada, e que aos 10 anos têm uma pressão arterial sistólica e diastólica mais elevada em comparação com as crianças não expostas”, afirma hoje, em comunicado, Joana de Oliveira Miranda, uma das autoras deste estudo.

A investigadora e professora da FMUP esclarece que “a exposição a determinados fatores na vida intrauterina conduz a alterações na estrutura e função do sistema cardiovascular, que perduram até à vida adulta”.

Embora seja reconhecida a associação em adultos, ainda são poucos os dados que relacionem a diabetes das mães com a hipertensão dos filhos na infância.

Nesse sentido, a equipa de investigação procurou perceber o impacto que a exposição à diabetes no período intrauterino tem nas trajetórias de pressão arterial durante os primeiros anos de vida.

Os investigadores apontam o período perinatal e a primeira infância como janelas de oportunidade para intervenções que possam modificar o impacto da exposição à diabetes nas crianças.

“Mesmo aumentos ligeiros da pressão arterial podem ter importantes implicações para a saúde dos indivíduos”, conclui Joana de Oliveira Miranda.

A investigação acompanhou 586 grávidas com diabetes (a grande maioria com diabetes gestacional) integradas na coorte Geração 21, e avaliou as crianças em três momentos diferentes: aos 4, 7 e 10 de idade.

Durante o mesmo período, as crianças expostas à diabetes apresentaram também um Índice de Massa Corporal (IMC) significativamente maior do que aquelas que não haviam sido expostas.

O artigo científico “Maternal Diabetes Mellitus as a Risk Factor for High Blood Pressure in Late Childhood” foi publicado na revista Hypertension e é assinado pelos investigadores Joana de Oliveira Miranda, Rui João Cerqueira, Henrique Barros e José Carlos Areias.