A presidente da Associação Laço alertou hoje que a falta de uma rede de unidades regionais de tratamento do cancro da mama com profissionais de saúde e equipamentos está a prejudicar a sobrevivência e qualidade de vida de alguns doentes.
No Dia Nacional do Cancro da Mama, a presidente da Associação Laço, Lynne Archibald, criticou o facto de a rede de referenciação, desenhada há uma década, ainda “estar na gaveta”.
Em declarações à Lusa, Lynne Archibald chamou a atenção para a importância de criar uma rede que organizasse os serviços existentes, criando unidades de mama regionais, onde estariam concentrados equipamentos e profissionais de saúde.
“O plano foi feito mas ficou na gaveta”, lamentou, explicando que “pequenos hospitais com pequenas equipas, que só têm de vez em quando alguém com cancro de mama, não têm capacidade física, recursos humanos nem equipamentos para fazer determinados diagnósticos e tratamentos muito especializados”.
Existe uma recomendação europeia que estipula que até 2016 os países europeus devem ter unidades regionais, onde se prevê que cheguem todos os anos pelo menos 150 novos casos.
“Nós ainda temos muitas entidades hospitalares que recebem muito menos do que isso. Não é bom para a mulher nem para a organização de saúde, do ponto de vista financeiro”, criticou.
A presidente da associação lembra o caso dos hospitais de Sesimbra, Garcia da Horta e Barreiro: “Todos tratam o cancro de mama, mas alguns não tratam como seria de esperar”, acusou.
A concentração de serviços “pode ter um impacto na sobrevivência das mulheres e na sua qualidade de vida”, disse, lembrando que existem hospitais que não têm determinados equipamentos por serem muito caros, como é o caso do tomossíntese (mamografias com imagem em 3D).
A associação quer que os doentes sejam “tratados em unidades de mama, onde há um volume de casos e uma equipa que faz cancro de mama de segunda a sexta, e não uma vez por mês”.
“Houve alguns hospitais que compraram o conceito e tentaram criar um centro de mama. Mas estão a fazê-lo apenas no seu hospital”, lamentou, dando como exemplos positivos o IPO de Lisboa, o Hospital do Barlavento ou o São João no Porto.
Outro dos problemas que a Laço gostaria de ver resolvida era a criação de um registo oncológico nacional.
“Não conseguimos saber onde é que o nosso dinheiro pode ter mais impacto”, alertou.
Mesmo sem “estatísticas fiáveis”, a associação estima que todos os anos surjam em Portugal “cinco mil casos” de cancro de mama e que anualmente morram cerca de 1.500 mulheres.
Mas Lynne Archibald prefere falar no fenómeno pela positiva: “3.500 mulheres vão ter cancro de mama e vão conseguir ultrapassar a doença, porque tiveram um diagnóstico precoce e tratamento ideal”.
A associação sublinhou ainda a importância de criar uma coordenação nacional para os programas de rastreio do cancro da mama, que pudesse fazer campanhas organizadas e reencaminhar para os melhores serviços.
30 de outubro de 2012
@Lusa
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