A entidade, citando dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), tendo como fonte o Instituto Nacional de Estatística (INE), concluiu que “as exportações em saúde cresceram, em 2020, 11,11%, em contraciclo com a balança comercial portuguesa que decresceu 10%”, face a 2019.
De acordo com a mesma entidade, “os valores de crescimento da saúde estão fortemente alicerçados nos produtos farmacêuticos de base que aumentaram mais de 25% e em preparações farmacêuticas, que cresceram 11,02%”, rematando que “se em 2019 as exportações em saúde ultrapassaram os 1.500 milhões de euros, em 2020 atingiram 1.749 milhões”, valores que “espelham um setor em permanente crescimento, mesmo durante a pandemia”.
Em declarações à Lusa, Joaquim Cunha, diretor executivo do Health Cluster Portugal, adiantou que a estabilidade no setor está relacionada com as suas características e contexto.
“O mercado é muito específico, regulado e regulamentado”, indica, acrescentando que, por isso, não é fácil “entrar em certos mercados e essa é a parte negativa”.
“A parte positiva é que depois de entrar as coisas tendem a manter-se. Há uma certa estabilidade no setor e é imune a certos ciclos porque é sempre preciso”, salienta.
Para o responsável, a pandemia, ainda que seja dominada por aspetos negativos, fez com que a saúde ganhasse “centralidade”.
“Há um ano os países quase se guerreavam por causa de máscaras e ventiladores. De um momento para o outro apercebemo-nos de uma certa fragilidade. Há uma autonomia estratégica na saúde que nos está a obrigar a pensar”, refere.
Para Joaquim Cunha, o Plano de Recuperação e Resiliência, agora em consulta pública, “pode ser um instrumento para robustecer” o setor.
“Acredito que a saúde possa ser o motor da recuperação”, assegura, referindo que o setor não pode ser só visto como um custo.
“Tem de ser visto como um investimento, estamos a investir em nós, mas também num setor que tem uma capacidade de gerar riqueza muito apreciável”, defende Joaquim Cunha.
Dados do Health Cluster Portugal, uma associação privada sem fins lucrativos que reúne atualmente mais de 180 associados em Portugal, referem que a saúde “representa um volume de negócios anual na ordem dos 30 mil milhões de euros e um valor acrescentado bruto de cerca de 9,0 mil milhões, envolvendo perto de 90 mil empresas e empregando quase 300 mil pessoas”.
Comentários