
Segundo Rui Ribeiro, cirurgião e presidente da SPCO, "apesar de essenciais, as mudanças alimentares e a prática desportiva nem sempre conseguem tratar o problema da obesidade. Nos casos mais graves, a cirurgia bariátrica é a solução mais eficaz de perder peso de uma forma mais sustentada. Hoje existem várias técnicas operatórias, executadas por abordagens minimamente invasivas, que permitem que o doente reduza o seu peso e recupere a sua qualidade de vida com conforto e um tempo de recuperação curto".
Ainda de acordo com o especialista, "uma das técnicas mais consistentes é o bypass gástrico, que permite restringir a quantidade de alimentos a ingerir e reduzir a absorção dos nutrientes melhorando, por conseguinte, substancialmente as doenças associadas e a qualidade de vida do doente. Durante o primeiro ano pode chegar a perder até 80% do excesso de peso".
O procedimento de bypass gástrico é minimamente invasivo porque realizado por laparoscopia, com anestesia geral. A cirurgia altera o ciclo do tracto digestivo, criando por um lado uma bolsa mais pequena no estômago (e assim reduzindo a ingestão de comida) e por outro evita que os alimentos passem por uma parte do intestino delgado (duodeno), onde são absorvidas as calorias. Nalgumas modalidades de cirurgia, como o bypass de anastomose única, cerca de 30 por cento das gorduras ingeridas não são absorvidas.
O bypass induz igualmente efeitos hormonais sendo restringida uma hormona responsável pela fome (grelina), o que faz com que os doentes tenham igualmente uma inibição do apetite, e aumentada a produção de hormonas da saciedade que assim ocorre mais cedo durante as refeições.
Em Portugal, são feitas cerca de 3 mil cirurgias bariátricas em 30 centros por todo o país. Para além da perda de peso, os benefícios conseguidos são substanciais, com reduções da tensão arterial e respetiva medicação na ordem dos 50% nos obesos hipertensos e melhoria dos níveis de glicemia e interrupção ou redução da medicação em cerca de 85% das pessoas com diabetes tipo 2.
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