Miguel Guimarães foi um dos oradores convidados das jornadas parlamentares do PSD, que hoje terminam na Assembleia da República, num painel dedicado à saúde na proposta de Orçamento do Estado para 2024, que contou também com a intervenção de Luís Reis, presidente executivo do grupo de serviços financeiros da Sonae.
No dia em que os médicos iniciaram dois dias de greve e têm uma manifestação marcada em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, Miguel Guimarães frisou que a proposta orçamental do Governo, na área da saúde, prevê um aumento com as despesas com pessoal de 6,3%, equivalente a 337 milhões de euros.
“É evidente que, com este tipo de aumento previsto, as negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos dificilmente chegarão a bom porto, ficam em risco, porque este valor não corresponde àquilo que são as exigências dos sindicatos”, considerou.
O ex-bastonário deixou dúvidas sobre a intervenção de António Costa neste conflito, dizendo ser necessário “perceber o que vale a palavra do primeiro-ministro relativamente a promessas que são feitas e acabam por não acontecer”.
“Atualmente na comunicação social, só se fala das 150 horas extraordinárias e dos serviços de urgência, mas a crise no SNS ultrapassa claramente esta matéria”, disse, apontando o acesso aos cuidados de saúde primários, continuados e paliativos como outros dos problemas.
Miguel Guimarães considerou claro que “a responsabilidade pela crise que existe na saúde não é dos médicos”, apontando números oficiais que dão conta do aumento do número de consultas ou cirurgias realizadas.
A falta de reformas na saúde e de aposta na prevenção da doença foram dois pontos comuns na intervenção de ambos os oradores, apesar de Luís Reis ter confessado o seu espanto pelo convite para falar sobre estas matérias nas jornadas do PSD.
“De saúde conheço muito pouco, sou licenciado em Medicina, tenho as quotas da Ordem em dia, mas desde 1990 que não exerço, estou completamente fora do setor”, disse,
Apesar deste alerta, o gestor ainda deixou várias considerações sobre o setor, considerando que as barreiras entre o público, privado e social “são tolices” e defendeu o aumento “sem medo” dos seguros de saúde e do cofinanciamento por parte dos utentes.
“Vai ser impossível ao Estado – apesar do que está na Constituição – garantir um acesso universal e gratuito a cuidados de saúde”, afirmou, propondo que seja lançado um grande plano de promoção da redução do consumo de açúcar, tal como foi feito com o sal.
O segundo dia de jornadas do grupo parlamentar do PSD começou com a presença de cerca de um terço da bancada de 77 deputados na sala – que se foi compondo durante a manhã -, incluindo várias ausências na direção da bancada.
Entre os não deputados, assistiu a este primeiro painel o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, o médico Ricardo Mexia.
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