O documento conjunto, apresentado esta terça-feira em Bruxelas, mostrou como o mercado continua a ser um dos mais rentáveis para grupos de crime organizado e que os impactos se estendem a “outros tipos de atividades criminais e ao terrorismo” e a pressões sobre instituições governamentais.
Num comentário ao relatório, Alexis Goosdeel, do EMCDDA, e Rob Wainwight, Europol, notaram que o mercado continua a ser uma das principais ameaças para a segurança da UE e que esta é uma área impulsionada por “dois motivos simples: lucro e poder”.
“A capacidade de minar esses motivos é fundamental se quisermos ter qualquer impacto sobre a criminalidade relacionada com a droga e reduzir os impactos mais amplos sobre a sociedade”, concluíram os diretores das instituições.
O relatório refere que a cannabis é a droga mais usada na Europa e que terá um peso de 38% no mercado de drogas ilícitas, traduzindo entre 8,4 mil milhões e 12,9 mil milhões de euros anualmente.
Em 2015, a cannabis deverá ter sido usada por cerca de 22 milhões de adultos na UE, com aproximadamente 1% dos europeus a usarem este produto na base diária, “aumentando o risco de problemas de saúde e sociais”, segundo o texto.
O mercado continua dominado pela erva cannabis, mas há um aumento da resina de cannabis oriunda de Marrocos e que poderá estar a ser traficada a par de outros bens e de pessoas.
A segunda droga mais vendida é a heroína, devendo valer cerca de 6,8 mil milhões de euros, segundo o texto, que refere que, “após um período de declínio, há sinais recentes de um aumento da disponibilidade” e que continua, “no geral, elevada” a produção de ópio no Afeganistão.
Novas rotas estão a emergir em África, no Cáucaso do Sul, na Síria e no Iraque, enquanto a rota dos Balcãs continua a ser um corredor fundamental para a entrada de heroína na UE, indicou o documento, notando uma diversificação do mercado, através de medicamentos de prescrição e de novos opiáceos sintéticos.
Por seu lado, a cocaína deverá ter um mercado anual estimado de, pelo menos, 5,7 mil milhões de euros e é usada sobretudo na Europa ocidental e do Sul, num consumo que se tem mantido estável, apesar de indícios de um aumento de disponibilidade.
“O cultivo de coca parece estar a aumentar depois de um período de declínio, mas é incerta a quantidade produzida de cocaína”, lê-se no documento, que indica como pontos chave de partida do tráfico a Colômbia, Brasil e Venezuela.
As anfetaminas devem valer, por ano, entre 1.2 mil milhões e 2,5 mil milhões de euros, enquanto se estima uma média de 0.67 mil milhões de euros em relação a MDMA/ecstasy.
O texto indicou a Holanda e a Bélgica como locais de produção de MDMA e anfetaminas, enquanto as metanfetaminas parecerem ter sobretudo origem na República Checa.
No relatório foi ainda notado o número elevado de novas substâncias psicoativas que são vendidas como substitutas legais das drogas ilícitas.
“100 novas substâncias foram registadas em 2015 e o sistema de alerta da UE está a monitorizar mais de 560”, acrescenta o documento.
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