Em comunicado, o CINTESIS avança hoje que o estudo, desenvolvido em colaboração com investigadoras da Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa, extraiu amostras de ADN de bactérias do mecónio [primeira matéria fecal eliminada após o nascimento] de cerca de uma centena de recém-nascidos, tanto prematuros extremos (nascidos antes das 28 semanas de gestação), como prematuros (nascidos entre as 28 e 32 semanas de gestação).
O estudo, publicado no jornal científico Gut Microbes, tinha como objetivo determinar a relação entre o microbiota intestinal da mãe e o mecónio de bebes prematuros, sendo que o mecónio constitui “uma fonte de informação muito útil, pois reflete o ambiente microbiano dentro do útero”.
De acordo com o CINTESIS, os resultados mostram que o mecónio dos recém-nascidos muito prematuros tem uma “maior correlação com o microbiota materno” e mais 'Lactobacillus', isto é, o principal género de bactérias encontrado no microbiota vaginal, “independentemente do tipo de parto”.
Citados no comunicado, os autores do trabalho afirmam que os dados “permitem sustentar que as bactérias maternas, quer do intestino quer da vagina, têm um papel na modulação do microbiota dos bebés e que a transmissão materno-fetal de bactérias é um processo controlado e específico no tempo”.
Os investigadores salientam que o tipo de bactérias presentes no trato gastrointestinal dos recém-nascidos pode influenciar “significativamente” o desenvolvimento do sistema imune e “ter consequências importantes em termos de saúde”, particularmente nos bebés prematuros, dada a sua “imaturidade e vulnerabilidade”.
Ainda que se saiba que o microbiota da mãe pode influenciar a composição das bactérias que vivem no intestino dos recém-nascidos, não são ainda “completamente conhecidos” os mecanismos fisiológicos e moleculares dessa transmissão, sendo por isso necessário “aprofundar os estudos nessa área”.
Para os investigadores, “é importante perceber como este fenómeno acontece para otimizar a saúde das grávidas”.
“Compreender o papel do ambiente intrauterino no microbiota fetal é essencial para o estabelecimento de intervenções clínicas, tais como alimentação materna, a exposição a antibióticos, probióticos e prebióticos ou mesmo transplante fecal”, salientam.
Além de investigadores do CINTESIS e da Nova Medical School, o estudo, desenvolvido no âmbito de uma bolsa atribuída pela Sociedade Portuguesa de Neonatologia e financiado pelo programa Compete 2020, conta ainda com a participação de investigadores do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central/ Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
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