1 de novembro de 2013 - 09h52
O presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), Américo Figueiredo, defendeu hoje que um maior investimento na prevenção das doenças de pele, nomeadamente através da comparticipação de produtos como os protetores solares.
Muitos dos produtos recomendados para tratamento da pele não são comparticipados, o que pode levar as pessoas a não fazerem o tratamento adequado.
“Os protetores solares, que são importantes na prevenção do cancro da pele, não são comparticipados e isto pode dificultar as pessoas a terem acesso a bens e a produtos que são essenciais”, disse Américo Figueiredo, que falava à Lusa a propósito do XIII Congresso Nacional de Dermatologia, que decorre entre hoje e domingo no Porto.
Questionado pela Lusa sobre se os produtos para a pele, como os protetores solares e os óleos hidratantes para tratamento do eczema atópico, deviam ser comparticipados, o dermatologista afirmou que “Portugal devia ter uma política global” nesse sentido.
“No momento de viragem em que estamos do ponto de vista económico-financeiro é de pensar também no investimento na prevenção da doença de pele, como noutras, porque fica muito mais barato do que andar a fazer doença curativa”, adiantou.
Segundo o dermatologista, o sistema de saúde português gasta 90% em medicina curativa e menos de 10% em medicina preventiva.
“Um sistema de saúde que não está bem organizado nesse aspeto vai sofrer ainda durante algum tempo os contratempos que daí advêm”, comentou.
Mas apesar da maior parte das consultas de dermatologia ainda serem de medicina curativa, já são “muito procuradas por motivos de prevenção”, observou.
“As pessoas devem ser alertadas para [o facto de terem] serviços públicos disponíveis, que não fazem apenas medicina curativa, mas que são capazes de aconselhá-los naqueles parâmetros importantes, para que a pessoas não venha a adoecer” com, por exemplo, um cancro da pele.
No congresso, Américo Figueiredo vai falar sobre os desafios da dermatologia no século XXI.
Sobre este tema, disse à Lusa que a cirurgia e o cancro da pele devem ser “os principais alvos”, mas considerou que “a dermatologia cosmética vai ter cada vez mais importância”.
E, defendeu, os dermatologistas que estavam anteriormente melhor preparados para “tratar da pele doente, devem estar também preparados para tratar a pele sã”.
Américo Figueiredo adiantou ainda que “as doenças de pele mais comuns estão estáveis”, mas o eczema atópico está com “uma tendência de subida bastante acentuada”, como está a acontecer na Europa.
Já o cancro da pele está aumentar de “uma forma muito intensa”, nomeadamente na forma mais grave da doença, o melanoma, que está a crescer cerca de sete a oito por cento por ano.
“As pessoas devem estar cada vez mais atentas porque estamos a assistir a uma autêntica epidemia de melanoma”, alertou.
Lusa