17 de janeiro de 2013 - 14h21 

O inseto que acompanhou desde sempre a evolução do ser humano parece estar a ser ultrapassado pelo próprio ser humano. Médicos, investigadores e outros especialistas defendem que a depilação brasileira poderá ser a causa da erradicação do piolho púbico. 
A queda do número de pessoas com piolhos púbicos - Phthirus pubis - pode estar relacionada uma técnica popularizada nos anos 90 num salão do centro de Manhattan gerido por sete irmãs brasileiras. À porta, senhoras escondidas atrás de óculos escuros, casacos de pele e malas Louis Vuitton, esperavam para fazer a chamada “depilação brasileira”.
Hoje, mais de 80 por cento dos estudantes universitários norte-americanos retiram todos os pelos púbicos, tendência que está em crescimento nos países ocidentais, de acordo com um estudo de 2011 da Kenyon College, em Gambier, no Ohio.
Na Austrália, por exemplo, a principal clínica de saúde sexual de Sidney - que pertence ao Instituto Kirby da Universidade de Nova Gales do Sul - não tem registo de uma mulher com pelos púbicos desde 2008, escreve a agência Bloomberg. No caso dos homens, o último registo é de há 10 anos, quando na altura ainda cerca de 20 por cento da população masculina preferia conservar a pelugem.  
No Reino Unido, um estudo de 2005 dá conta de que 99 por cento das mulheres com mais de 16 anos depila alguma parte do corpo, sejam as axilas, pernas ou zona púbica. Em Portugal, desconhecem-se estudos.
“A depilação púbica conduziu a um severo decrescimento das populações de piolhos”, confirma Ian Burgess, entomologista do Insect Research & Development, em Cambdrige, no Reino Unido. 
A depilação veio para ficar e os produtos das marcas de cosmética agradecem, é o que revelam os dados do barómetro Euromonitor International. O mercado global dos produtos depilatórios atingiu os 3,53 mil milhões de euros em 2011, estimando-se que as vendas tenham crescido 7,6 por cento, em média, todos os anos na última década.
A depilação brasileira ganhou protagonismo internacionalmente no início de 2000, estimulada pela atenção de programas de televisão como o “Sexo e a Cidade”, salienta Spring Cooper Robbins, professor e investigador na área da Saúde Sexual na Universidade de Sydney.
Salão J Sisters 
As irmãs Jonice, Jocely, Janea, Joyce, Juracy, Jussara e Judeseia são consideradas as fundadoras da guerra contra os pelos púbicos. Crescidas na cidade costeira de Vitória, no Brasil, habituaram-se diariamente a “polir” as pernas e a zona púbica para usar biquínis reduzidos. Em Nova Iorque tornaram-se sensação nos anos 90, com mais de 200 clientes por dia, entre celebridades como Sarah Jessica Parker.
Atualmente, as clientes frequentes visitam o salão a cada quatro semanas para um tratamento que custa à volta de 75 euros, relata Jonice Padilha, a irmã que gere o negócio. “Quando começamos o negócio há 26 anos atrás, nunca pensámos que se tornasse um sucesso”, confessa.
A peste dos piolhos púbicos, que não transmite doenças, atinge entre 2 a 10 por cento da população humana, de acordo com um estudo de 2009 da East Carolina University, nos Estados Unidos.

SAPO Saúde