30 de dezembro de 2013 - 11h40
Uma equipa médica francesa realizou em Paris um transplante que utilizou, pela primeira vez, um coração artificial elaborado a partir de tecidos biológicos, divulgou hoje a empresa responsável pelo desenvolvimento da prótese.
De acordo com a Carmat, esta prótese, que funciona de forma autónoma, reduz o risco de rejeição.
A operação foi realizada com sucesso no dia 18 de dezembro no hospital Georges Pompidou, na capital francesa, e foi concretizada no âmbito de um "ensaio clínico", referiu a empresa num comunicado.
O coração implantado, segundo explicou a empresa, gera uma circulação sanguínea de forma autónoma a nível fisiológico.
O doente, cuja identidade não foi divulgada, encontra-se sob vigilância, acordado e a comunicar com a família, indicou a mesma nota informativa.
O diretor-geral da Carmat, Marcello Conviti, pediu prudência face aos resultados deste primeiro implante porque "seria prematuro tirar conclusões quando se trata de um único transplante" e porque o período pós-operatório "é ainda muito curto".
A Carmat apresentou há quatro anos esta prótese com tecidos biológicos como uma solução para "dezenas de milhares" de doentes com insuficiência cardíaca e que não tinham acesso a um dador natural.
Apesar do caráter revolucionário desta técnica, a empresa só conseguiu obter em finais do verão passado a autorização necessária das autoridades sanitárias francesas para realizar o primeiro implante num ser humano.
A empresa acredita que o coração artificial que desenvolveu imita na perfeição o funcionamento de um órgão natural, adaptando-se de forma autónoma ao ritmo da pessoa que recebe a prótese, sem necessidade de um controlo externo.
O coração artificial, desenvolvido a partir de componentes de origem animal, está equipado com sensores eletrónicos e um complexo sistema eletromecânico que deteta, por exemplo, a posição em que se encontra o doente (de pé, sentado ou deitado) e adapta a frequência cardíaca e o fluido às diferentes situações do quotidiano.
A conceção desta prótese, cujo estudo durou mais de 15 anos, é fruto de um trabalho de uma equipa multidisciplinar que envolveu o professor Alain Carpentier, cofundador da Carmat, e engenheiros do consórcio aeronáutico europeu EADS, proprietário do construtor de aviões Airbus.
Lusa
Comentários