Ho Iat Seng falava durante a reunião plenária do Conselho para o Desenvolvimento Económico, que presidiu esta manhã, e na qual participou também o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong.
Sublinhando que a epidemia teve um grande impacto na economia mundial, o governante apontou, no entanto, que há problemas específicos na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), “como a estrutura industrial única, a dependência excessiva do setor do jogo e a falta de resiliência económica”, pode ler-se no comunicado do Governo.
As receitas do jogo em Macau caíram 97% em junho e mais de 77% no primeiro semestre, em relação a iguais períodos de 2019. Resultados que analistas ouvidos pela Lusa em 01 de julho consideraram “um desastre” para a economia, num território em que 80% das receitas “advém da receita gerada pelo imposto especial sobre o jogo e outros deveres contributivos das concessionárias”.
Em 30 de junho, as autoridades de Macau também avançaram à Lusa que até maio mais de sete mil contratos foram cancelados ou não renovados no território.
“É necessário acelerar a reflexão sobre a direção e as medidas concretas para a otimização da estrutura económica de Macau, promovendo a diversificação adequada da economia e pondo-a em prática”, disse Ho Iat Seng, segundo a nota.
O governante defendeu que o território “deve aproveitar as vantagens do princípio ‘Um país, dois Sistemas'”, acordado com Pequim aquando da devolução de Macau à China, em 1999, para usufruir das vantagens do espaço económico da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, criando “uma base mais sólida para o desenvolvimento sustentável da RAEM a longo prazo”.
Apesar de destacar que “a situação epidémica em Macau está relativamente controlada”, o chefe do Executivo apontou que “a atividade económica em geral abrandou”, com todos os setores” a enfrentar “diversos tipos de dificuldades e desafios”. “Prevê-se que, face ao aumento contínuo dos fatores de incerteza externos, a economia continue a enfrentar uma grande pressão na segunda metade do ano”, disse.
Ho Iat Seng considerou que “a promoção da recuperação económica” é “uma tarefa importante” do Governo da RAEM, “para atenuar as dificuldades da população e apoiar as pequenas e médias empresas”, com o objetivo de “garantir o emprego, estabilizar a economia e assegurar a qualidade de vida da população”.
O governante apelou ainda a “todos os setores da sociedade” para que apresentem, “de forma ativa”, propostas para “a promoção da recuperação económica de Macau após a epidemia”.
O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, confirmou que “a economia de Macau está a sofrer um impacto significativo”, que deverá manter-se no segundo semestre.
Para combater a crise, o Governo da RAEM “acelerou o lançamento de medidas de atenuação de dificuldades, no valor de mais de 50 mil milhões de patacas (cerca de 5,5 mil milhões de euros)”, designadamente “de redução e isenção de impostos e taxas, apoios em empréstimos, incentivos ao consumo, manutenção da estabilidade da vida da população e dos preços dos produtos”.
Sublinhando que o confinamento criou “uma certa pressão no mercado de emprego”, o secretário para a Economia disse acreditar, no entanto, que após a pandemia a economia de Macau possa “sair do fundo do poço”.
Macau foi dos primeiros territórios a identificar casos de infeção com a covid-19, antes do final de janeiro. O território registou então uma primeira vaga de dez casos. Seguiu-se outra de 35 casos a partir de março, todos importados, uma situação associada ao regresso de residentes, muitos estudantes no ensino superior em países estrangeiros.
O caso mais recente, o 46.º no território desde que o surto começou, registou-se em 25 de junho.
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