Este artigo tem mais de 10 anos
Novas medidas não fazem sentido nem trazem melhorias, defendem Enfermeiros
19 de dezembro de 2013 - 16h57
À sopa, sandes e fruta do almoço, cerca de cem enfermeiros juntaram hoje bandeiras e palavras de protesto, numa concentração junto à Administração Regional de Saúde de Lisboa, que acusam que dificultar o acesso aos cuidados de saúde.
O protesto começou por volta das 12:00, mas foram muitos os enfermeiros que chegaram depois disso, oriundos dos centros de saúde onde trabalham e nos quais são agora obrigados a parar durante uma hora para o almoço.
Com eles vieram as lancheiras: sopa quente para matar o frio, sandes, sumos e fruta.
Olga Moreira, enfermeira especialista em obstetrícia na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) da Lapa, disse à Lusa que a medida está “a cortar a acessibilidade que é devida aos utentes”.
“Na minha hora de almoço, que me foi estipulada entre as 13:00 e as 14:00, é quando há o auge do atendimento. Para eu ir almoçar não fica a enfermeira a fazer o atendimento. Ficarão os médicos, mas sem o devido atendimento de enfermagem”, explicou.
Para esta enfermeira, a medida “não faz sentido, porque não melhora”.
A justificação de que esta imposição de uma hora de intervalo para o almoço aumenta a acessibilidade para os doentes também não é aceite por Olga Moreira.
“O que acontece é que a hora que prolongamos até às 17:00 não é rentável, porque nessa hora os atendimentos são escassos”, adiantou.
Vigiados por mais de uma dezena de polícias, os manifestantes – que se encontram em greve desde as 12:00 – aproveitaram para partilhar com os colegas as dificuldades deste novo horário.
Rui Marron, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que organizou o protesto, classifica a medida como uma “ação de prepotência da ARS de Lisboa e Vale do Tejo".
“Os enfermeiros há 22 anos que exercem em continuidade os cuidados, dentro da sua jornada de trabalho, interrompendo meia hora para a refeição, mas estando disponíveis nas unidades de saúde para essa prestação de cuidados, quer nos cuidados de saúde primários, nos hospitais e até no setor privado”.
Para este sindicalista, a medida reduz a acessibilidade dos utentes.
Contudo, sublinhou, “os enfermeiros mantêm na prática a jornada contínua onde essa imposição está a acontecer, não são é remunerados por isso, o que é uma exploração e uma injustiça”.
O SEP promete “continuar com ações de protesto até a situação ser resolvida e corrigida a injustiça”.
A este propósito, recordou que o sindicato requereu em março uma reunião com a ARS de Lisboa e Vale do Tejo sobre diversas questões, mas não obteve resposta.
“Com esta situação [imposição de uma hora de intervalo para almoço] desencadeada em setembro, pedimos uma nova reunião, em outubro, com uma fundamentação jurídica em que fundamentamos a manutenção da jornada contínua”, não tendo a ARS de Lisboa e Vale do Tejo respondido, disse.
Lusa
Comentários