22 de janeiro de 2014 - 16h56
Funcionários da Saúde 24 acusaram hoje a administração de ter despedido já um total de 69 trabalhadores, em Lisboa e no Porto, pondo “em causa o funcionamento da linha” e exigem o afastamento da empresa que gere o serviço.
Em comunicado, a comissão informal de trabalhadores da Saúde 24 “exige a intervenção urgente do Ministro da Saúde e da DGS [Direção Geral da Saúde], perante a total irresponsabilidade do Conselho de Administração da LCS, empresa concessionária da linha, que na atual situação demonstra claramente que não tem condições de assegurar a linha e que deve ser afastada”.
“Após o despedimento sumário de 16 trabalhadores como represália por exercerem o seu direito de organização e de livre expressão, a LCS reitera a ilegalidade e represálias para com os seus trabalhadores, e demonstra cabalmente o desrespeito para com os utentes e para com o contrato de concessão que tem, despedindo um total de mais de cerca de 65 trabalhadores, apenas no call centre de Lisboa (de um total de 200) em pleno pico da gripe”, acrescenta o comunicado.
Em declarações à Lusa, Márcia Silva, uma das funcionárias despedidas, explicou que após o despedimento de 16 trabalhadores (12 em Lisboa e 4 no Porto) na semana passada, outros 53 em Lisboa encontram-se agora à espera de receber as cartas de rescisão, estando já excluídos dos horários de fevereiro.
“Os colegas que foram despedidos na semana anterior já não conseguem sequer entrar nas instalações. Tendo em conta o historial, o mesmo deverá suceder em breve com estes 53”, afirmou.
A comissão informal de trabalhadores considera que o conselho de administração “demonstrou publicamente a sua disponibilidade para reprimir direitos fundamentais dos trabalhadores e para delapidar de forma decisiva o serviço da Linha Saúde 24, tendo as suas ações conduzido a perdas de chamadas diárias na ordem das 1.000 pessoas desde há cerca de uma semana, bem como a tempos de espera para o atendimento da ordem dos 10 minutos”.
Os mesmos trabalhadores associam o recente congestionamento das urgências hospitalares à atual condição da Linha Saúde 24, que tem como uma das principais funções desviar das urgências os casos que não são realmente urgentes.
“Não pode haver uma dissociação de ambas as situações, quando a administração da Saúde 24 está a sabotar ela própria o serviço da Linha, que contribui para que não exista uma alternativa viável ao recurso às instituições de saúde já congestionadas”, afirmam.
No comunicado, os trabalhadores consideram ainda que “o silêncio do ministro Paulo Macedo torna-o cúmplice das ilegalidades na Saúde 24” e “torna-o cúmplice de uma empresa privada que delapida o serviço público”.
Lusa