Esta semana o Ruanda apresentou a primeira base de drones que serão utilizados para abastecer de sangue 21 clínicas da região oeste do país. A base fica em Muhanga, a 50 km da capital do país, Kigali, e será inaugurada esta sexta-feira (14/10) na presença do presidente Paul Kagame.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o continente africano tem a maior taxa de mortalidade materna do mundo por causa das hemorragias pós-parto. O acesso às transfusões de sangue é crucial para as mulheres do continente. O Ruanda não é uma exceção e a topografia íngreme do "país das mil colinas" dificulta o transporte por estrada, sobretudo durante a temporada de chuvas.
"O sangue é um bem precioso e não é possível armazená-lo em grande quantidade e em cada centro de saúde do país", explica à agência de notícias France Presse Keller Rinaudo, diretor-geral da empresa americana de robótica Zipline, responsável pelo projeto de 15 drones. "O sistema permitirá ao governo do Ruanda fornecer instantaneamente transfusões de sangue vitais a qualquer cidadão no país em 15 e 30 minutos", garante.
O projeto é realizado com a colaboração da aliança internacional Gavi, criada no ano 2000 para facilitar a distribuição de vacinas em todo o mundo, e a Fundação UPS, que desembolsou 1,1 milhões de dólares.
Drones transportam até três sacos de sangue
Os drones "Zips" têm o formato de um pequeno avião. Funcionam com energia elétrica graças a baterias e dispõem de uma autonomia de 150 quilómetros. Cada drone pesa 13 quilos e pode transportar uma carga de 1,5 kg, o que representa três bolsas de sangue. Os aparelhos partem com uma propulsão de 80 km/h da rampa de lançamento e alcançam até 70 km/h em pleno voo: podem realizar 150 entregas por dia de forma autónoma.
Sob uma tenda, os técnicos acompanham as operações em computadores portáteis e vários funcionários reúnem as pequenas caixas vermelhas de papelão equipadas com um para-quedas que contém as bolsas de sangue. Os aparelhos devem lançá-las quando estiverem a 20 metros do chão. Em 2017 será construída uma segunda base para que os drones possam percorrer a totalidade dos 26.000 quilómetros quadrados deste pequeno país da região dos Grandes Lagos.
"São voos que salvarão vidas", comenta entusiasmado Gregg Svingen, diretor de comunicação da UPS. "Hoje é sangue, amanhã são vacinas", completa, antes de indicar que o projeto pode ser exportado para outros países.
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