“Está melhor do que estava há um ano, em que se esperava entre nove e 12 meses. Neste momento isso não acontece, mas mesmo assim ainda esperamos dois a quatro meses”, disse à agência Lusa Emília Rodrigues, da associação de doentes SOS Hepatites.
A responsável lembra também que, apesar de esta espera não colocar em causa a eficácia do tratamento, “pode colocar em causa a saúde do doente, porque o fígado continua a degradar-se”.
“Mesmo estando cuidado da hepatite, o fígado pode continuar a degradar-se, quanto mais não tendo o medicamento”, acrescentou.
Emília Rodrigues lembra que os atrasos maiores surgem nos hospitais mais pequenos, no interior do país, e recorda que desde finais de 2017 os pagamentos ficaram a cargo das administrações hospitalares (antes eram da responsabilidade da Administração Central do Sistema de Saúde).
É mesmo uma questão economicista. (…) Eu também entendo as administrações hospitalares e a lei dos compromissos. O doente é que não pode sofrer por causa disso”, sublinhou.
A qualidade de vida destes doentes vai estar em debate no sábado, no VII Congresso Nacional SOS Hepatites, que decorre na sede da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA), em Lisboa.
As várias hepatites e a sua incidência
Existem três tipos principais de hepatites víricas, A, B e C. Destas, a provocada pelo vírus da hepatite C é a que tem maior probabilidade de evolução para as formas crónica. Com efeito, em 85% dos casos o organismo não consegue eliminar o vírus.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde estima-se que cerca de 3% da população mundial tenha sido infectado pelo vírus da hepatite C (VHC), o que corresponde a 170 a 200 milhões de indivíduos.
Aproximadamente 85% dos casos que contraem hepatite C tornam-se crónicos. Destes 20%, evoluem para cirrose hepática. A cirrose hepática é uma situação com risco elevado de cancro do fígado (carcinoma hepatocelular): a probabilidade de um doente com cirrose evoluir para carcinoma hepatocelular é de 4% por ano o que justifica que se faça uma ecografia de 6/6 meses. O objectivo consiste na detecção precoce, com pequenas dimensões, do referido cancro.
Os factores de risco principais para se adquirir a hepatite C são: toxicodependência intravenosa (principalmente pela partilha do material usado no consumo) em 60% dos casos, via sexual (15%), profissões relacionadas com a saúde (para os próprios profissionais). O risco transfusional é inferior a um caso em 100.000 transfusões.
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