Doentes e familiares desenvolvem “contactos massivos” junto da autoridade nacional do medicamento, manifestando-se preocupados com o impacto da covid-19 nestes pacientes.
Em comunicado, afirmam ter iniciado um movimento espontâneo nas redes sociais, em defesa de uma terapia que pode salvar vidas.
“Este medicamento é fundamental para o controlo da doença que provoca uma progressão na perda da função respiratória e que põe em causa a sobrevivência dos pacientes. Todo o dia que passa em que atrasam a aprovação deste medicamento estão a piorar as suas hipóteses de sobrevivência”, defendeu o presidente da Associação Nacional de Fibrose Quística (ANFQ), Paulo Sousa Martins, citado no documento.
De acordo com a mesma fonte, o novo tratamento é reconhecido por médicos, cientistas e associações de pacientes como “um medicamento transformador de vidas”.
A argumentação apresentada sustenta que o tratamento consegue “parar e mesmo reverter” o desenvolvimento da fibrose quística, cujo principal efeito é a perda da capacidade respiratória. “Passou a estar disponível na Europa este ano. Em Portugal, cerca de 400 pessoas sofrem com a doença”, alegam os subscritores da posição.
“Os pacientes vão progressivamente perdendo a capacidade de respirar, o que leva em muitos casos à necessidade de um transplante pulmonar. Neste contexto, com a situação atual da pandemia, a aprovação do novo tratamento ganha ainda mais contornos de urgência para que os doentes não corram ainda mais riscos”, acrescentam.
A fibrose quística é uma doença genética, hereditária e rara, que afeta todo o organismo, em especial a capacidade respiratória.
Para o presidente da Associação Portuguesa de Fibrose Quística (APFQ), Herculano Rocha, os pacientes portugueses encontram-se em desvantagem, “sendo sempre dos últimos nos países na União Europeia a ter acesso generalizado a estes medicamentos”, o que atribui a “burocracia e falta de vontade política em Portugal”.
A agência Lusa contactou o Infarmed, segundo o qual o medicamento Kaftrio (Ivacaftor + Tezacaftor + Elexacaftor) para tratamento da fibrose quística, em doentes com determinadas mutações, foi aprovado pela Comissão Europeia em 21 de agosto e encontra-se “em avaliação para efeitos de financiamento público”.
“Esta avaliação teve início ainda antes da atribuição da Autorização de Introdução no Mercado, concedida pela CE”, indicou o Infarmed em resposta à Lusa, acrescentando que adicionalmente, foi aprovado um programa de acesso precoce para este medicamento, que viabiliza a utilização pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, enquanto a avaliação decorre, “mediante submissão de pedido de autorização de utilização excecional, pelas instituições de saúde, nos casos em que o doente corra risco imediato de vida ou de sofrer complicações graves”.
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