Um inquérito europeu para avaliar o Impacto Social da Doença Inflamatória do Intestino (DII) revelou que 74 por cento dos inquiridos teve de faltar ao trabalho devido a esta doença, que afeta cerca de 15 mil portugueses.

O estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, foi promovido pela Federação Europeia das Associações de Crohn e Colite Ulcerosa (EFCCA) e envolveu mais de seis mil doentes, de 25 países.

Mais de um quarto dos participantes no inquérito afirmou ter estado ausente do trabalho por “um período superior a 25 dias” e um quarto dos doentes disse que já foi alvo de acusações, comentários injustos ou sofreu algum tipo de discriminação no emprego.

Além do trabalho, a DII tem também “um impacto significativo” nas relações interpessoais, uma vez que 40 por cento dos doentes afirmou ter evitado, ou terminado, uma relação íntima devido à doença.

No que se refere ao diagnóstico, os doentes consideraram que o acesso a cuidados especializados é geralmente bom, tendo a maioria um diagnóstico final atempado.

Oitenta e cinco por cento dos casos necessitou de internamento e, no que diz respeito ao tratamento, os doentes afirmaram que, embora tenha aumentado, o acesso a terapêuticas biológicas está disponível apenas para uma minoria.

O estudo concluiu ainda que muitos doentes vivem com complicações associadas à DII. Quarenta e nove por cento têm problemas de articulações, 34 por cento sofre de problemas de pele, e 28 por cento afirmou tomar regularmente analgésicos para alívio dos sintomas.

“A participação de mais de seis mil doentes de DII em toda a Europa ultrapassou totalmente as nossas expectativas. Infelizmente, o impacto da DII nas nossas vidas ainda acontece a um nível inaceitável, como pode ser concluído a partir dos resultados deste inquérito”, considerou o presidente da EFCCA, Marco Greco.

Também para a presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, Ana Sampaio, este estudo “veio mostrar que há um grande trabalho a fazer de divulgação do impacto social da doença. O inquérito traz também novas perspetivas para reduzir o impacto da doença e importantes recomendações para o seu tratamento e cuidados de saúde prestados aos doentes”.

A Doença Inflamatória do Intestino engloba a Doença de Crohn, que se caracteriza por uma inflamação crónica que pode afetar qualquer segmento do tubo digestivo, e a Colite Ulcerosa, doença crónica que afeta a camada interna (mucosa) que reveste o intestino grosso ou cólon, deixando-a inflamada e com pequenas feridas na superfície (úlceras) que podem sangrar.

Diarreia, dor abdominal, fadiga, febre, emagrecimento e sangue nas fezes são os sinais e sintomas mais frequentes destas patologias. Em 20 por cento dos casos a doença tem início durante a infância ou adolescência.

10 de novembro de 2011

@Lusa