Philippe Widmer, diretor da Vifor Suisse, uma das empresas que integram o grupo farmacêutico Vifor Pharma, que tem um laboratório em Portugal, localizado na Amadora, está convencido que, antes de meados de 2021, os médicos de todo o mundo terão à disposição um novo medicamento para a COVID-19. "Dentro de um ano, acho que é possível, desde que tenha por base um medicamento que já exista", afirmou o gestor em entrevista ao jornal suíço La Liberté.

"Um medicamento com uma toxicologia, uma segurança e um produção química já conhecidas", sublinha. "No caso de existirem estudos clínicos positivos, esses resultados serão rapidamente publicados e os médicos não vão esperar [pelo fim de um processo de homologação] para prescrever essa molécula aos pacientes", acredita Philippe Widmer.

"É o que está, aliás, a acontecer atualmente em França e noutros países do mundo com a hidroxicloroquina [fármaco utilizado para prevenir e tratar a malária]. Nós chamamos a isso uma utilização off-label e, legalmente, aqui na Suíça, um médico tem o direito de poder prescever um medicamento off-label", sublinha ainda o diretor da Vifor Suisse.

França disponibiliza oito milhões de euros para investigar o novo coronavírus. Mas só um milhão é que vai ser gasto agora
França disponibiliza oito milhões de euros para investigar o novo coronavírus. Mas só um milhão é que vai ser gasto agora
Ver artigo

Para acelerar a disponibilização de um fármaco que trave a pandemia global de COVID-19, muitas empresas farmacêuticas trabalham afincadamente no desenvolvimento de soluções terapêuticas que contêm na génese substâncias que se têm revelado eficazes no combate a doenças como a sida, o ébola e o paludismo.

"Nesse caso, entramos diretamente na fase III dos estudos clínicos, que é aquela que visa demonstrar a eficácia e a segurança do produto", justifica. "A rapidez dependerá da velocidade com que conseguiremos meter um estudo clínico de pé", refere ainda.

"No caso do coronavírus, acredito que os estudos clínicos [para a homologação de um novo medicamento] seriam relativamente curtos. É fácil recrutar pacientes em todo o mundo", vaticina. "Em doenças com uma evolução mais lenta, o processo poderia demorar anos. No caso da COVID-19, as conclusões seriam rápidas", acredita o gestor.

Apesar de confiante em relação à disponibilização rápida de um fármaco, Philippe Widmer tem, todavia, dúvidas quanto ao surgimento de uma vacina. "Alguns órgãos de comunicação social falam da existência de uma no prazo de 12 a 18 meses. Eu acho esse horizonte temporal demasiado ambicioso", acrescenta ainda o diretor da Vifor Suisse.