13 de novembro de 2013 - 09h32
Alimentos ricos em proteínas animais e, portanto, acidificantes, aumentam sensivelmente o risco de diabetes tipo 2, a mais comum, revelou um estudo publicado esta terça-feira por cientistas do Inserm.
"Este é o primeiro estudo a estabelecer um vínculo entre a carga ácida da alimentação e um aumento significativo do risco de diabetes tipo 2", comentou Guy Fagherazzi, um dos autores do estudo publicado na revista Diabetologia, da Associação Europeia de Estudo do Diabetes.
A acidez do nosso organismo depende diretamente daquilo que comemos e alguns alimentos teriam um efeito acidificante, enquanto outros teriam um efeito basificante ou alcalinizante uma vez absorvidos pelo nosso organismo.
Segundo Fagherazzi, as carnes, sobretudo aquelas processadas industrialmente, assim como os queijos e os produtos derivados de leite fazem parte dos alimentos mais acidificantes, enquanto as frutas e os legumes, ao contrário, são alcalinizantes.
Os cientistas do Inserm (Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica francês) estudaram a alimentação de cerca de 66.000 mulheres do plano de saúde dos professores franceses MGEN (Mutuelle Générale de l'Education nationale) durante um período de 14 anos, durante o qual 1.372 das estudadas desenvolveram diabetes tipo 2.
Ao comparar a composição de sua alimentação e ao ajustar os resultados para eliminar outros fatores de risco (especialmente obesidade, sedentarismo e tabagismo), eles descobriram que 25% que seguiam a dieta mais acidificante apresentavam um risco 56% maior de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com as 25% de mulheres que seguiam uma alimentação mais alcalinizante.
O risco aumentou 96% em mulheres de constituição física normal e que ingeriam alimentos com carga ácida maior, enquanto o aumento foi menor (28%) nas obesas, o que leva a crer que "nas mulheres que já apresentam riscos, o efeito da alimentação seria menor", indica Fagherazzi.
Para explicar o fenomeno, o cientista levantou a hipótese de que uma dieta acidificante "ocasionaria um aumento do risco de resistência à insulina, ou seja, a incapacidade do corpo de secretar insulina quando precisa para regular a glicemia".
Ele admitiu, contudo, que outros trabalhos serão necessários para confirmar os resultados deste primeiro estudo sobre o tema. Uma investigação anterior, publicada em 2011, já tinha evocado a existência de um vínculo entre a resistência à insulina e a carga ácida da alimentação.

SAPO Saúde com AFP