Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), a pneumologista Raquel Duarte, e antiga Secretária de Estado da Saúde, que participou nas reuniões de especialistas do Infarmed que serviram de aconselhamento ao Governo no combate à pandemia, admite que chegou o momento de aliviar medidas.
"Não podemos ignorar que estamos claramente numa fase de mudança de paradigma, de aliviar medidas. E devemos fazê-lo, mas com prudência, porque temos de estar preparados para eventuais surtos em que o nosso comportamento terá de ser alterado", disse em declarações ao referido jornal.
A especialista alerta que "o vírus não desapareceu", mas considera que "estamos numa fase em que vamos ter de mudar a forma como olhamos para a pandemia, de mudar o paradigma pandemia versus epidemia, mas isso deve acontecer quando começarmos a ter a redução da letalidade", lê-se no jornal.
"Apesar de termos tido uma incidência elevadíssima (mais de 7 mil casos de infeção por 100 mil habitantes), não tivemos níveis elevados de formas graves da doença, de mortes ou a sobrecarga dos serviços de saúde com internamentos nas enfermarias ou nos cuidados intensivos", acrescenta a especialista àquele diário.
"Este é o momento para nos prepararmos para fazer essa mudança, mas, a meu ver, esta preparação pressupõe uma mudança gradual, que tem de ser feita de forma prudente. No fundo, temos de continuar a seguir a mesma estratégia de prudência, que nos caracterizou até à data", sugere a pneumologista ao DN.
Raquel Duarte é médica pneumologista no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho em regime de exclusividade, Mestre em Saúde Pública, Mestre em Gestão e Economia de Serviços de Saúde e Doutora em Saúde Pública. Foi Diretora do Programa Nacional para a Tuberculose da DGS e Professora Auxiliar na Faculdade de Medicina e no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.
A COVID-19 provocou pelo menos 5.737.468 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 20.258 pessoas e foram contabilizados 2.932.990 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.
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