Uma análise ao mercado hospitalar revelou que os custos em excesso nos hospitais rondam os 804 milhões de euros e devem-se sobretudo aos internamentos.
O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, faz parte de uma investigação sobre “Custos e Preços na Saúde”, que resultou de um protocolo entre a Escola Nacional de Saúde Pública e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, subordinado à pergunta: “Podem a organização, a gestão e o financiamento das organizações de saúde em Portugal produzir resultados diferentes em termos de eficiência?”.
Um dos capítulos deste estudo é dedicado à eficiência no mercado hospitalar, tendo como objetivo avaliar as diferenças de eficiência entre hospitais e identificar oportunidades para melhorar a eficiência nos cuidados hospitalares.
Em termos de despesas correntes em saúde, o peso dos hospitais é “considerável”, absorvendo metade dos custos totais (em 2010), sendo que destes, 59% dizem respeito aos custos com o internamento (em 2008).
O estudo aponta que “os cerca de 804 milhões de custos em excesso representam cerca de 34% dos custos do internamento hospitalar, cerca de 21% do total dos custos hospitalares e cerca de 10% dos custos do SNS”.
Para a avaliação da eficiência e dos custos, os investigadores identificaram quatro “áreas passíveis de melhoria”: complicações dos cuidados, readmissões, adequação dos cuidados e a prática de cesarianas.
Relativamente a esta última área, os investigadores concluíram que a “realização em excesso de partos por cesariana, embora tenha um peso pouco expressivo no total de custos do internamento hospitalar (0,8%), representa ainda uma fatia importante dos custos dos partos – cerca de 17%”.
O estudo refere analises efetuadas pela Organização Mundial de Saúde e pela Administração Regional da Saúde (ARS) Norte que têm vindo a demonstrar a importância e o risco da realização de cesarianas sem indicação médica, cujas complicações podem ser 14 vezes piores do que nos partos normais.
Os investigadores alertam que “partindo do valor de referência estabelecido no Plano Nacional de Saúde, a taxa de cesarianas nos episódios em estudo [31,4%] situou-se acima dos valores de referência [24,8%]”.
No que respeita às complicações de cuidados – como as infeções pós-procedimento ou infeções urinárias – estas “implicam um aumento dos custos na ordem dos 10%”, o que significa um custo acrescido de cerca de 274 euros.
As readmissões a 30 dias pelo mesmo motivo implicam um aumento dos custos de 4,8%, sendo que o custo de cada readmissão foi estimado em 2.874 euros.
Relativamente à área da “adequação dos cuidados prestados”, o estudo revela que também esta originou um aumento significativo dos custos, de cerca de 12%, “com grande expressão na duração de internamento excessiva, expressão importante nas situações que poderiam ter sido tratadas em ambulatório e uma expressão mais reduzida nas admissões tardias, ou seja, nas que apresentam mais gravidade”.
“Finalmente, tendo como referência o nível de eficiência médio dos hospitais portugueses, ainda poderiam ser evitados cerca de oito por cento dos custos de internamento”, acrescenta o estudo.
14 de fevereiro de 201
@Lusa
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