“Desde o início da pandemia, da existência de vacinas da contra a covid-19, já foram entregues 170 milhões de doses no mundo inteiro, um número que parece muito porque foi preciso muito lá chegar, mas que não é suficiente”, contextualizou o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton.
Falando em conferência de imprensa em Bruxelas na apresentação do novo plano da Comissão Europeia de preparação contra a covid-19 face à ameaça das variantes do coronavírus, o responsável francês acrescentou que “na Europa continental foram distribuídas 33 milhões de doses”, ao passo que na China este número é de 41 milhões e nos Estados Unidos é de 53 milhões.
“Começámos mais tarde porque aplicámos critérios muito rigorosos, dadas as nossas estruturas regulatórias”, observou Thierry Breton.
Falando numa “corrida mundial”, o comissário europeu anunciou que o executivo comunitário quer “acelerar a produção na UE” e, para isso, irá “ajudar as empresas farmacêuticas” a fazê-lo através do grupo de trabalho por si liderado.
“A minha função será a de supervisionar e garantir que conseguimos assegurar a produção”, referiu.
Notando que “o que se trata é de aumentar a produção para quatro ou cinco meses quando normalmente se fala de dois anos”, Thierry Breton assegurou que “a capacidade industrial” existe na UE, sendo para isso preciso garantir que “a cadeira de abastecimento funciona”, uma vez que estão em causa vários componentes para a criação destas vacinas.
“Claro que haverá problemas e teremos de ver com as empresas como podemos resolver”, adiantou.
Com vista ao aumento da produção, a estratégia hoje apresentada pela Comissão preconiza uma atualização ou celebração de novos acordos de compra antecipada para apoiar o desenvolvimento de vacinas novas e adaptadas através de financiamento da UE, com “um plano detalhado e credível que mostre a capacidade de produzir vacinas na UE, num calendário fiável”.
A instituição defende também um trabalho em estreita colaboração com os fabricantes para ajudar a monitorizar as cadeias de abastecimento e fazer face a problemas de produção, apoiar o fabrico de vacinas adicionais dirigidas a novas variantes, desenvolver um mecanismo de licenciamento voluntário dedicado para facilitar a transferência de tecnologia e apoiar a cooperação entre empresas.
Previsto está, ainda, que o executivo comunitário incentive à cooperação entre farmacêuticas para a produção de vacinas contra a covid-19 (como fez a Sanofi, que irá apoiar a Pfizer/BioNTech).
“Temos 16 espaços na UE para produzir a vacina, mas ainda nem todos foram já mobilizados, dado que há vacinas que ainda não foram mobilizadas”, apontou Thierry Breton à imprensa.
O grupo de trabalho por si liderado servirá, assim, para “acompanhar e monitorizar a produção em tempo real”, concluiu.
No âmbito desta estratégia, Thierry Breton começou já a visitar fabricantes de vacinas contra a covid-19 para tentar acelerar o processo de vacinação na UE, que está a ser marcado por atrasos nas entregas aos Estados-membros.
Depois de algumas farmacêuticas (como a AstraZeneca) terem informado a instituição de que irão entregar menos doses do que as acordadas para o primeiro trimestre de 2021, Bruxelas criou então este grupo para tentar resolver a atual capacidade insuficiente de produção para os 27 Estados-membros, o que já levou a atrasos na distribuição, nomeadamente para Portugal.
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