“Os tripulantes do voo [caso que se verificou] ficaram alarmados, o caso fez soar as campainhas e os tripulantes querem ações e medidas concretas”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Henrique Louro Martins, à agência Lusa.
Questionada pela Lusa, a TAP esclareceu que está a cumprir “rigorosamente as melhores práticas a nível internacional, conforme definidas pela Associação Internacional de Transporte Aéreo, Organização Mundial de Saúde e Direção Geral de Saúde, em cada momento”, e a adotar, “em tempo real”, todas as recomendações.
“Estamos aptos a atuar de modo adequado, antes, durante e depois do voo”, assegurou.
Para o sindicato, são necessários “cuidados redobrados”, lê-se num comunicado interno que hoje divulgou e a que a agência Lusa teve acesso.
O sindicato recomendou à TAP que “sempre que haja certeza de ter transportado um passageiro com coronavirus, deve toda a tripulação ser colocada de quarentena e retirada de escala, sem qualquer perda de retribuição”.
Outras medidas sugeridas passam por providenciar testes médicos para despistagem da doença e cancelar os voos de e para Itália.
A TAP anunciou, em 05 de março, que vai reduzir 1.000 voos este mês e em abril, devido à quebra nas reservas, mas especialmente na operação para cidades nas regiões mais afetadas, sobretudo Itália.
Segundo a TAP, o plano de contingência contra o novo coronavirus foi implementado em janeiro e, nesse âmbito, foram reforçadas as operações de limpeza e desinfeção nos aviões e a formação dos tripulantes para estarem “permanentemente treinados na identificação, abordagem e tratamentos de casos suspeitos”.
O sindicato teve conhecimento, no sábado, de que a companhia aérea transportou, na semana passada, uma passageira russa, proveniente de Milão, num voo entre Lisboa e Toronto, no Canadá, onde à chegada lhe foi diagnosticado o novo coronavirus.
A TAP confirmou apenas ter transportado uma passageira a quem lhe foi diagnosticada a doença, na chegada ao destino.
Para o dirigente sindical, “é grave” que, à chegada a Lisboa, a Unidade de Saúde da companhia tenha aconselhado os tripulantes a estarem atentos a eventuais sintomas que surjam e a levarem uma vida normal, em vez de ficarem de quarentena e fora da escala de voos.
À tripulação do voo, a companhia recusou fazer exames de diagnóstico do vírus, afirma o sindicalista.
“O que a TAP fez foi pouco, porque esses tripulantes trabalharam junto dessa passageira que estava infetada”, defendeu o dirigente sindical.
Os tripulantes daquele voo voltam a voar na terça-feira, o que para o sindicato “não é correto”.
“Numa altura em que a companhia está a cancelar voos, certamente tem tripulantes para substituir estes”, criticou Henrique Louro Martins, para quem “há medidas que deviam ser tomadas” pela companhia “e esse é um caso desses”.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, que pediu uma reunião à Direção Geral de Saúde, representa quatro mil tripulantes, três mil dos quais são da TAP.
A Direção-Geral de Saúde (DGS) recomenda que, quando um cidadão tiver regressado de um país ou de uma viagem onde há casos confirmados de coronavirus, mantenha uma vida normal, com vigilância dos sintomas, sem qualquer tipo de isolamento social.
Se esteve em contacto com um caso confirmado, além das medidas básicas de higiene, “deve permanecer em isolamento profilático durante 14 dias, período durante o qual deve manter uma vigilância de sintomas”, como febre, tosse ou dificuldade respiratória.
Entre os contactos próximos enumerados, constam os mantidos dentro de aviões: dois lugares à esquerda, à direita, à frente ou atrás da pessoa infetada, assim como contactos de tripulantes de bordo que serviram a secção do doente, companheiros de viagem e prestadores de cuidados diretos ao doente.
Acompanhe aqui, ao minuto, todas as informações sobre o coronavírus (COVID-19) em Portugal e no mundo.
Comentários