“A situação em Portugal é, de momento, tranquila porque não há nenhum caso, mas os cenários mudam muito rapidamente”, afirmou em entrevista à agência Lusa o especialista principal do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, sigla inglesa) em operações de emergência e resposta, Josep Jansa.

Falando numa “situação dinâmica”, o especialista exemplificou que, “há uma semana, praticamente não havia casos em Itália e, desde que dispararam na sexta-feira passada, já existe um número elevado”.

O mesmo aconteceu em Espanha, “onde havia um caso, que depois passou para cinco e depois para nove”, acrescentou Josep Jansa.

Ainda assim, o responsável vincou que o Covid-19 “não deve ser motivo para alarme [para a população] porque já se comprovou que, na maioria dos casos, os sintomas são leves e os casos graves são de pessoas que tinham outras doenças ou referentes a determinados grupos de pessoas como idosos”.

“Como a doença se está a alastrar cada vez mais, […] os hospitais devem estar preparados, assim como os centros de cuidados primários, e a população deve estar preparada para algo semelhante a uma epidemia de gripe”, avisou Josep Jansa.

E comparou: “Da mesma maneira que a população não fica alarmada quando chega a época da gripe, não deve alarmar-se por esta situação concreta, mas deve estar consciente de que estamos a avançar para um cenário com estas características [de dispersão]”.

Números divulgados esta quinta-feira pelo ECDC referem que, até esta manhã, havia 82.132 casos em todo o mundo de Covid-19, que já resultaram em 2.801 mortes.

Na Europa existem, atualmente, 477 casos, 400 dos quais em Itália, 21 na Alemanha, 17 em França, 13 no Reino Unido, 12 em Espanha, a Áustria, Croácia, Finlândia, Suécia registaram dois casos cada um, e a Bélgica, Dinamarca, Grécia, Noruega, Roménia e Suíça confirmaram um caso cada.

Ainda na Europa, registaram-se até ao momento 14 mortes, todas em Itália.

Até ao momento, nenhum dos 25 casos suspeitos de Covid-19 em Portugal se confirmou.

“Vão aparecendo casos [na Europa], mas isso – e convém insistir nesta questão – não é algo que nos deva alarmar. Simplesmente é algo sobre o qual devemos estar conscientes, mas não é motivo de alarme”, reforçou Josep Jansa.

O especialista defendeu que os cidadãos devem sim adotar algumas medidas de prevenção, como “evitar ao máximo uma possível exposição ou um eventual contacto com pessoas que apresentam sintomas e que já estiveram em zonas de transmissão comunitária com outras pessoas”.

A estas acrescem medidas de higiene, “como evitar estar em frente a uma pessoa que está a tossir ou que tem sintomas respiratórios e lavar frequentemente as mãos”.

“Isto ajuda a conter, mas também ajudará a mitigar”, adiantou Josep Jansa à Lusa.

Sediado em Estocolmo, na Suécia, o ECDC é um dos principais organismos europeus a acompanhar o novo coronavírus.