"O SAMS e a Cruz Vermelha têm de estar envolvidos no esforço nacional de proteger a saúde dos portugueses", lê-se na carta aberta assinada por Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM.

Segundo o responsável, "a falta de acompanhamento de doentes com doenças crónicas, não infetados pela pandemia, é grave, e ontem [terça-feira] mesmo assumido como preocupação por parte do Ministério da Saúde, depois de várias entidades o terem feito, nomeadamente, o SIM e a Ordem dos Médicos".

Roque da Cunha salientou que "continua a haver enfartes do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, fraturas e cancros com necessidade de tratamento inadiável".

Por isso, o SIM renovou o apelo para que sejam envolvidos "todos os recursos médicos disponíveis no país, reorganizando onde possível os hospitais públicos, as instituições de solidariedade social e as entidades privadas", como é o caso dos serviços de saúde dos bancários (SAMS) e do Hospital da Cruz Vermelha.

"Reforçamos o pedido para que o SAMS cesse o 'lay-off' e coloque os seus profissionais a apoiar, pelos menos, os seus mais de 90 mil beneficiários, e que o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa deixe de afrontar os profissionais do Hospital da Cruz Vermelha com ameaças de 'lay-off', e permita que a direção clínica e os médicos trabalhem", insiste o SIM na carta.

Por fim, o sindicato vincou que "o acréscimo dos utentes destas duas instituições ao já débil e fustigado SNS [Serviço Nacional de Saúde] não augura nada de bom".

A direção clínica do SAMS encerrou, há cerca de um mês, o hospital e as clínicas, devido à infeção pelo novo coronavírus de doentes e profissionais de saúde em unidades da sua rede, revelando que iam ser aplicadas "novas regras de regime simplificado de 'lay-off'".

Em 07 de abril mais de uma centena de profissionais do Hospital da Cruz Vermelha acusaram o presidente da instituição, Francisco George, de "estar a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica do hospital".

No documento, a que a Lusa teve acesso, os profissionais manifestaram "enorme preocupação" com a forma como Francisco George, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e presidente do Conselho de Administração não-executivo do Hospital da Cruz Vermelha (HCVP)m "está a pôr em risco a sobrevivência clínica e económica" do hospital.

Francisco George, ouvido pela Lusa, estranhou a iniciativa, explicando: "Estou há pouco tempo na CVP, estou na administração de manhã à noite, vejo o diretor clínico todos os dias, e até hoje nada me disse".

Em 09 de abril, o Governo anunciou que o Hospital da Cruz Vermelha não vai integrar a "rede covid", criada em resposta à pandemia do novo coronavírus, realçando que esta decisão é tomada porque, face à situação atual, tal não é necessário.

"Consideramos não se justificar atualmente a integração do Hospital da Cruz Vermelha na rede covid, sem prejuízo do contributo vital que, nesta fase, já é desenvolvido por essa instituição no apoio ao Estado num cenário ímpar e de especial exigência", lê-se numa nota conjunta dos ministérios da Saúde e da Defesa Nacional.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas.