Os dados fazem parte de uma sondagem encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao escritório FSB, que acrescentou que, em relação ao futuro próximo, 27% dos entrevistados acreditam que a situação económica do país vai melhorar um pouco, outros 27% consideram que permanecerá estável e 32% estão convencidos de que irá piorar.

No longo prazo, as incertezas são semelhantes e a grande maioria acredita que a economia brasileira demorará a recuperar do impacto causado pela pandemia de covid-19, que até agora causou cerca de 617 mil mortes em pouco mais de 22 milhões de infetados no país.

O levantamento revelou que 68% dos entrevistados esperam o início da recuperação em um ou dois anos, prazo que será maior para 36%, embora 4% estejam bem mais pessimistas e acreditem que o Brasil não sairá da crise.

Num país com taxas de desemprego próximas de 13%, a possibilidade de ser demitido é uma preocupação crescente.

Segundo a sondagem, o medo de perder o emprego é muito grande para 61% dos brasileiros, enquanto apenas 21% se sentem seguros no trabalho.

A inflação, que este ano pode ultrapassar os dois dígitos, é outro dos problemas gerados pela conjuntura económica e 74% dos entrevistados disseram terem sido obrigados a fazer uma redução muito grande ou grande das suas despesas nos últimos dois anos.

Em 2020, em grande parte devido à pandemia, a economia brasileira contraiu 3,9%, e para este ano todas as projeções apontam para um crescimento de pouco mais de 4%.

Segundo o presidente da CNI, Robson Braga, “um olhar atento e qualificado no cenário internacional mostra que os países que mais bem enfrentaram a crise gerada pela pandemia foram aqueles com uma indústria forte, o que não é o caso do Brasil”.

De facto, para recuperar o parque industrial, a CNI apresentou esta semana ao Governo uma série de exigências, entre as quais o avanço nas reformas mais urgentes, como tributária e administrativa.

A primeira pretende reduzir a carga tributária, próxima de 38%, e a segunda visa melhorar a eficiência do Estado e diminuir os entraves burocráticos e também o chamado “custo Brasil”.

Segundo o FSB, a sondagem margem de erro de dois pontos percentuais e foi realizada entre os dias 18 e 23 de novembro, período em que foram entrevistadas 2.016 pessoas de todas as regiões do país.