Apesar das medidas estarem a apertar, ainda nenhum país decidiu regressar ao confinamento nacional e, hoje, os membros da União Europeia comprometeram-se a só adotar restrições à circulação no espaço comunitário coordenadas entre todos e se forem “proporcionais e não discriminatórias”, devendo também ser levantadas logo que possível.
A Organização Mundial de Saúde apelou a que não se utilize novamente o confinamento para travar a propagação do novo coronavírus, tendo o representante da OMS para a Covid-19, David Nabarro, explicado que uma medida dessas só deve ser usada para ganhar tempo enquanto os Estados se reorganizam, reagrupam e reequilibram os recursos.
Ainda assim, se os confinamentos nacionais parecem estar fora do radar dos governos, os regionais e locais parecem estar a ganhar força na Europa.
+++ Alemanha +++
Na Alemanha, grandes cidades como Berlim e Frankfurt decidiram encerrar bares e restaurantes entre as 23:00 e as 06:00, horário em que a venda de bebidas alcoólicas e reuniões em grupos de mais de cinco pessoas estão proibidas.
Vários dos grandes centros urbanos do país, como foi o caso destas duas cidades, mas também Colónia, Essen, Estugarda ou Bremen, foram considerados áreas de risco - foram registadas 50 infeções por 100.000 habitantes em sete dias -, o que significa que têm de ser adotadas medidas territoriais especiais.
A maioria dos municípios impôs a proibição de pernoitar no seu território aos viajantes provenientes de zonas de risco.
Desde o início da pandemia de covid-19, a Alemanha já contabilizou mais de 325 mil casos e quase 10 mil mortes.
+++ Bélgica +++
Face a um aumento “bastante alarmante” do número de infetados – que as autoridades da Bélgica, um dos países europeus mais afetados pela pandemia, admitiram poder atingir os 10.000 casos diários no final da semana - o Governo reforçou as restrições.
Desde a semana passada, contactos próximos estão limitados a três pessoas fora de casa e os bares e cafés de Bruxelas, que têm registado mais de 800 novos casos diariamente, foram obrigados a encerrar durante pelo menos um mês.
Com uma população de cerca de 11,5 milhões, o país contabiliza mais de 162.200 pessoas infetadas e quase 10.200 mortes desde o início da pandemia.
+++ Espanha +++
O Governo decretou na semana passada o estado de emergência durante 15 dias em Madrid e noutros nove municípios da região, restabelecendo as restrições de movimentos, apesar de o Tribunal Superior de Justiça de Madrid as ter rejeitado em 10 municípios.
O executivo nacional e o regional têm mantido um braço de ferro sobre as medidas para reduzir o número de contágios em Madrid, a região de Espanha mais atingida, já que as autoridades regionais consideram que se está a interferir “com os direitos e as liberdades fundamentais”.
O primeiro-ministro declarou, no entanto, o estado de emergência, obrigando a adoção de medidas de restrição durante duas semanas, e mobilizando cerca de 7.000 polícias para as fazer respeitar.
As restrições proíbem a entrada e saída de pessoas nas cidades da região de Madrid, exceto para ir ao médico, ao trabalho, a centros educativos, dar assistência a idosos, menores e dependentes e para ir a bancos, tribunais ou outros organismos públicos.
As reuniões familiares e sociais, a menos que coabitem, são limitadas a seis pessoas e a capacidade máxima dos estabelecimentos comerciais e serviços abertos ao público é reduzida a 50%, devendo fechar o mais tardar até às 22:00.
Para hotéis, restaurantes, cafés e bares a capacidade permitida não pode exceder 50% no interior e 60% no exterior, e o consumo ao balcão é proibido, devendo estar encerrados às 23:00.
Espanha regista cerca de 900 mil pessoas infetadas desde o início da pandemia, das quais mais de 33 mil morreram.
+++ Finlândia +++
As autoridades do país, um dos menos afetados da Europa pela pandemia, aprovaram, no início do mês, novas medidas de contenção, incluindo o encerramento de espaços de lazer antes da 01:00, já que a maioria dos infetados são jovens.
Além disso, foi estendida a todo o território a recomendação da utilização de uso de máscaras nos transportes públicos, lojas e outros locais onde não seja possível manter uma distância social mínima, medida em vigor, até agora, apenas nas regiões mais afetadas.
Perante uma duplicação do número de infetados em duas semanas, o Governo decidiu apertar mais as restrições às viagens, permitindo a entrada de turistas de apenas três países europeus sem cumprirem quarentena: Chipre, Letónia e Liechtenstein.
A Finlândia regista mais de 12.000 casos de doentes infetados desde o início da epidemia e conta quase 350 mortos.
+++ França +++
O Governo vai anunciar hoje novas medidas restritivas, que poderão incluir um toque de recolher noturno nas áreas mais afetadas e confinamentos locais.
A imprensa francesa aponta que a possibilidade de serem impedidas saídas noturnas nas zonas urbanas que estão em alerta máximo - aquelas em que foram registados pelo menos 250 casos novos por cada 100.000 habitantes em sete dias -, como Paris, Marseille-Aix en Provence, Lyon, Grenoble, Saint Étienne, Lille, Toulouse e Montpellier.
O “alerta máximo” significa que estas zonas têm bares, piscinas e ginásios encerrados e protocolos sanitários reforçados nos restaurantes, além de não poderem organizar feiras e circos, e terem limites reforçados nos centros comerciais e anfiteatros universitários.
Em Paris, foi ativado o “plano branco reforçado”, que permite aos estabelecimentos de saúde desprogramar as atividades cirúrgicas e mobilizar todas as forças para os doentes de covid-19.
Dos 101 departamentos em que se divide administrativamente a França, 74 encontram-se já em situação de vulnerabilidade elevada, tendo o primeiro-ministro admitido confinamentos locais se os indicadores piorarem.
A pandemia em França já atingiu quase 750 mil pessoas, provocando a morte de 32.800.
+++ Itália +++
O Governo italiano proibiu, a partir de hoje e durante 30 dias, que bares e restaurantes sirvam bebidas alcoólicas a clientes que não estejam sentados até às 21:00 e obriga estes estabelecimentos a fechar até à meia-noite.
As novas restrições incluem ainda a proibição de fazer festas e celebrações em espaços exteriores e em locais fechados, limitando a seis o número de convidados em casa e os casamentos e batizados não podem acomodar mais de 30 pessoas.
Desde a semana passada, o uso de máscara passou a ser obrigatório em todo o país, mas foi reduzido o tempo de quarentena - de 14 para 10 dias - em casos de contacto com pessoas infetadas, sendo agora necessário um único teste negativo para estabelecer que a pessoa está curada.
O Governo italiano prorrogou recentemente o estado de emergência até 31 de janeiro e o primeiro-ministro não descartou a adoção de medidas ainda mais restritivas caso a situação continue a agravar-se.
A Itália acumulou cerca de 360.000 casos desde que o início do estado de emergência, em fevereiro, e registou mais de 36.200 mortes.
+++ Países Baixos +++
O Governo vai anunciar hoje novas medidas mais restritivas, negociadas com as autoridades locais, tendo o primeiro-ministro admitido que uma das restrições poderá ser o encerramento dos restaurantes.
O país registou, no fim de semana quase 7.000 novos casos diários de contaminação, levando a Federação de Médicos Especialistas a pedir ao Governo para tomar medidas mais rígidas, alegando que “a onda de covid-19 assumiu a forma de um tsunami” para os hospitais locais.
Entre as medidas propostas, está a restrição de desportos coletivos para maiores de 18 anos (excluem-se os desportos profissionais), além de um limite de lotação para espaços públicos fechados, como lojas e teatros, onde o máximo passará a ser de 30 pessoas.
O país regista mais de 187 mil casos de covid-19, incluindo 6.654 mortes, desde o início da epidemia.
+++ Polónia +++
O uso de máscaras em espaços públicos passou a ser obrigatório em todo o país devido a um aumento recorde do contágio do novo coronavírus, que o primeiro-ministro considerou como a chegada da “segunda vaga” da pandemia.
Apesar de considerar não ser necessário, por enquanto, impor um novo confinamento, o Governo determinou que 38 municípios serão considerados zonas vermelhas, ou seja, terão restrições rígidas para reuniões públicas e familiares.
A Polónia regista mais de 135 mil casos de covid-19 desde o início da pandemia, tendo já ultrapassado as 3.100 mortes.
+++ Portugal +++
Em estado de contingência geral até quarta-feira, o Governo poderá anunciar hoje um prolongamento das medidas associadas ao nível de alerta ou adotar novas restrições face ao número crescente de infeções.
Por enquanto, os restaurantes têm de fechar à 01:00, não podendo receber clientes a partir das 00:00 e nas áreas de restauração de centros comerciais, há limite máximo de quatro pessoas por grupo.
É também proibida a venda de bebidas alcoólicas nas estações de serviço de abastecimento de combustíveis e, a partir das 20:00, em todas as lojas, à exceção dos restaurantes se for para acompanhar as refeições.
As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde o risco de incidência da covid-19 é mais elevado, têm medidas específicas, que passam por escalas de rotatividade entre teletrabalho e trabalho presencial e obrigatoriedade de desfasamento de horários de entrada e saída nos locais de trabalho, assim como horários diferenciados de pausas e refeições dos trabalhadores.
O Governo também determinou que os ajuntamentos estão limitados a 10 pessoas e que os estabelecimentos comerciais só podem abrir às 10:00, com exceção de pastelarias, cafés, cabeleireiros e ginásios.
Desde o início da pandemia, já morreram em Portugal quase 2.100 pessoas e foram infetadas cerca de 88 mil.
+++ Reino Unido +++
O primeiro-ministro garantiu que quer evitar um segundo confinamento nacional e, por isso, quer impor novas medidas de restrição, para as quais pediu o apoio popular.
Além do respeito pelo distanciamento social e isolamento, o Governo pretende encerrar ‘pubs’, bares, ginásios e outros espaços de lazer na zona de Liverpool, mantendo-se apenas em funcionamento estabelecimentos do setor da restauração que sirvam refeições, com as quais podem ser vendidas bebidas alcoólicas.
Esta cidade será a primeira a ser colocada no grau mais grave de um novo sistema de três níveis de restrições, de acordo com os números de infeções.
Em regiões sobre o nível 3, ou alerta máximo, bares e ‘pubs' serão forçados a encerrar e as pessoas impedidas de sociabilizar em espaços fechados e em jardins privados, mas o comércio, escolas e universidades vão continuar a funcionar.
No nível 2, ou alerta elevado, será ilegal dois agregados familiares encontrarem-se em qualquer espaço fechado e as pessoas serão aconselhadas a usar transportes públicos apenas em casos excecionais, embora possam juntar-se até seis pessoas ao ar livre.
O nível 1, ou alerta médio, que abrange a maioria do país, mantém em vigor as regras atuais, que limitam ajuntamentos até seis pessoas e obrigam ao encerramento de bares e restaurantes às 22:00.
Três hospitais de campanha do norte do país, em Manchester, Sunderland e Harrogate, foram postos em modo de espera para poderem abrir e receber pacientes com covid-19 nas próximas semanas.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 620 mil pessoas infetadas no país e quase 43 mil mortos.
+++ República Checa +++
O Governo decidiu encerrar, a partir de quarta-feira, escolas, bares e restaurantes, e proibir o consumo de álcool na via pública, como resposta ao recorde de infeções registado nos últimos dias.
Além disso, todas as escolas irão fechar até, pelo menos, 02 de novembro, à exceção dos estabelecimentos de ensino abertos para filhos de médicos, enfermeiros ou equipas de resgate.
O Governo limitou ainda os ajuntamentos a um máximo de seis pessoas, passando agora a ser obrigatório o uso de máscara nas paragens de transportes públicos ao ar livre, tendo ainda fechado todos os teatros, cinemas, jardins zoológicos, museus, galerias de arte, ginásios e piscinas públicas.
Também todas as atividades desportivas em espaços fechados foram proibidos e ao ar livre estão limitadas até 20 pessoas.
A República Checa regista quase 121.500 casos de infeção por covid-19 e 1.050 mortes.
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