“Felizmente, a Costa de Caparica tem tido algumas cargas e as pessoas têm vindo, mas tudo o que são eventos não podemos fazer porque não é permitido e nós cumprimos a lei”, disse à Lusa João Carreira, proprietário do Waikiki, um dos restaurantes mais conhecidos da Costa de Caparica, no distrito de Setúbal.

Ao final de um dia quente de verão, este bar da praia da Sereia era um dos mais procurados pelos banhistas para um ‘sunset’, mas a pandemia da covid-19 trouxe uma nova realidade que tem prejudicado a faturação.

“Isto é um ano atípico e os concessionários estão com quebras gigantes porque não podem fazer eventos ou festas”, referiu.

Com várias espreguiçadeiras convidativas na areia e com vista para o mar, este tipo de estabelecimentos também eram procurados para casamentos e jantares de grupo ou de empresas, mas tudo isto tem sido proibido.

“É muito penalizador para os empresários desta área, que só têm aqui dois meses ou três para funcionarem em pleno”, apontou.

Estas duas praias situam-se na zona da Estrada Florestal, mas os 11 concessionários da frente urbana da Costa de Caparica também têm sentido a mesma dificuldade.

“Estamos contingentados com o horário de fecho à 01:00, mas não podemos fazer festas, não pode haver barulho, não pode haver música e não podemos vender álcool, por isso, a festa não acontece”, mencionou Acácio Bernardo, presidente da Associação de Apoios de Praia da Frente Urbana da Costa de Caparica.

Segundo o responsável, no início do verão, os empresários tinham pedido à Direção-Geral da Saúde (DGS) para que os espaços exteriores pudessem ser utilizados para festas, mas “não aconteceu e é impossível acontecer este ano”, o que traz mais dificuldades numa altura já difícil.

“Este ano é um ano perdido e provavelmente alguns concessionários não vão ter capacidade de aguentar. Eu sinceramente vivo mais ou menos controlado, com algum fundo de maneio, a idade permite-me isso, mas com certeza há concessionários que vão ter que fechar”, considerou.

Para este cenário, tem contribuído também a fraca afluência dos utentes às praias desta zona, que tem registado apenas cerca de 30% da ocupação, indicou Acácio Bernardo.

“A bandeira verde que içámos no dia 01 de junho, que significa praia vazia ou com possibilidades de acesso, continua igual. Não a alterámos durante este tempo todo e faltam turistas. As pessoas da zona da Grande Lisboa vêm, mas em número muito pequeno”, indicou.

Neste sentido, Acácio Bernardo criticou a falta de ajudas das várias entidades ligadas ao turismo, como a Câmara Municipal de Almada ou a Capitania do Porto de Lisboa.

“A ajuda foi zero, as dificuldades e os encargos que tínhamos no ano passado e este ano são iguais, mas efetivamente a economia não é igual”, afirmou.

Falta cerca de um mês para terminar a época balnear nesta zona do país e a esperança destes empresários é que a Capitania do Porto de Lisboa “faça qualquer coisa no sentido de reduzir os efetivos”, mais propriamente o número de nadadores-salvadores, que correspondem a uma despesa de 15 mil euros por concessionário.

Já para setembro, não espera “nada de extraordinário” porque o número de turistas tem tendência a diminuir com o fim das férias e o regresso às aulas.

“É mantermo-nos calmos, serenos, cumprindo as regras da DGS, o distanciamento, a higienização maior e vamos encolhendo os ombros porque não podemos lutar contra um monstro. Isto é um monstro que aconteceu na nossa vida”, lamentou.