“Temos 344 surtos registados, sendo 125 na região Norte, 35 no Centro, 142 em Lisboa e Vale do Tejo, 20 no Alentejo e 22 no Algarve, o que reflete um número bastante inferior ao de outros períodos. Felizmente, tem havido uma redução”, sublinhou Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde admitiu que poderá deixar de fazer análises pormenorizadas de cada surto, mas comentou a situação que se verifica num lar de idosos em Bragança e noutro em Montalegre, além de um surto com origem num café em Alenquer e que já resultou em 11 casos confirmados.

Sobre o primeiro lar, Graça Freitas referiu que tem 43 utentes e sete profissionais infetados, sendo que apenas um dos três edifícios deste estabelecimento foi comprometido pela doença; já em relação à unidade de Montalegre, o surto tem “muito menos pressão”, com apenas quatro profissionais infetados, mas a diretora-geral da Saúde vincou que é bastante recente e que ainda está em curso o inquérito epidemiológico.

Confrontada sobre uma possível suspensão das visitas aos lares no cenário de agravamento da pandemia, à semelhança do que ocorreu durante o confinamento de março e abril, Graça Freitas mostrou-se prudente face a uma repetição dessa decisão.

“Temos de pesar muito bem medidas de controlo de infeção e de segurança com humanização. Temos de ser muito cautelosos; habitualmente, as visitas não estão associadas à transmissão, porque são muito controladas, esporádicas e têm regras muito fixas. É mais fácil que a transmissão se faça a partir dos profissionais, porque são eles que vêm todos os dias de fora para dentro da instituição”, notou.

Segundo a diretora-geral da Saúde, o país está neste momento “confortável em relação ao número de idosos que têm sido afetados” pela covid-19. Graça Freitas realçou a estabilidade das variações de percentagem dos diferentes grupos etários, lembrando que nesta fase são os adultos jovens o grupo da população mais visado pela doença e que as pessoas acima dos 70 anos representam somente 15% dos infetados.

Perante o aumento da mortalidade reportado pelos indicadores do Instituto Nacional de Estatística, que apontam para mais 7.144 mortes entre 02 de março e 20 de setembro deste ano face à média registada no período homólogo dos últimos cinco anos, Graça Freitas explicou que a avaliação das causas de morte é um “processo complexo” e lembrou o peso da covid-19, de ondas de calor e da gripe.

“Este ano recuperámos imenso no que diz respeito à codificação. Desde logo quando começou a pandemia, em março, desviámos codificadores que estavam a codificar as causas de morte de 2019 para a codificação da morte por covid”, disse a líder da DGS, reconhecendo que a atividade relacionada com a covid-19 está “atualizada”, embora em relação “a outras causas de morte” ainda se está “a recuperar tempo”.

Portugal contabiliza hoje mais seis mortos relacionados com a covid-19 e 888 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 1.983 mortes e 77.284 casos de infeção, estando hoje ativos 25.942 casos, mais 460 do que na quinta-feira.