O município de Faro, que vem sofrendo um colapso da rede de Saúde devido à falta de oxigénio, medicamentos e camas de hospital para o tratamento de pacientes com covid-19, fica na fronteira com o Amazonas, estado que enfrenta uma situação semelhante e que teve de transferir dezenas de infetados para outras cidades, para receberem oxigénio.
De acordo com o jornal Estadão, o município de Faro tenta também transferir oito doentes que estão em estado grave e que necessitam com urgência de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Nós estamos a viver uma crise, na contramão para tentar salvar vidas. Estamos a trabalhar 24 horas para isso”, disse o médico da Unidade Básica de Saúde de Faro, Yordanes Perez.
Faro junta-se assim a Manaus, capital do Amazonas, que, desde quinta-feira, vive uma grave crise de saúde devido à falta de camas em hospitais e de oxigénio para pacientes com covid-19 que estão ligados a ventiladores mecânicos, sendo que alguns morreram asfixiados.
O caos vivido na capital amazonense e as cenas de correrias em hospitais, médicos desesperados e exaustos, cemitérios lotados e familiares de pacientes implorando por oxigénio ou comprando no mercado negro causaram comoção e intensa mobilização em todo o Brasil, com o Governo a colocar à disposição aeronaves militares para transporte de pacientes e de material hospitalar.
Imagens que circularam nas redes sociais, na semana passada, mostravam as próprias famílias de pacientes a transportar para os hospitais tanques de oxigénio que adquiriram por conta própria.
Manaus aguarda a chegada de cinco camiões com 107 mil metros cúbicos de oxigénio doados pela Venezuela, e que cruzaram a fronteira com o Brasil no domingo.
O prefeito de Manaus, David Almeida, recusou na segunda-feira, em declarações à Lusa, qualquer responsabilidade da sua gestão pela falta de oxigénio nos hospitais da região, e responsabilizou as pressões ambientais internacionais por isolarem aquela cidade amazónica.
Segundo o autarca, o abastecimento de consumíveis, como oxigénio, para Manaus (cidade localizada na floresta Amazónia), depende do asfaltamento de um segmento de cerca de 400 quilómetros da estrada BR-319, que faz a ligação a Porto Velho, capital estadual de Rondônia, e que é a única ligação terrestre entre Manaus e o resto do Brasil.
Questionado sobre o ponto de situação atual nos hospitais, o prefeito afirmou que os níveis de oxigénio estão “estabilizados”, mas “não normalizados”.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (210.299, em mais de 8,5 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.041.289 mortos resultantes de mais de 95,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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