O inquérito foi feito junto de 800 portugueses em dois momentos distintos, primeiro em janeiro e fevereiro e depois em abril, em plena fase de pandemia da doença, que já matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e quase 2.000 em Portugal.

De acordo com os resultados do inquérito hoje divulgados num comunicado da DECO, no início do ano 56% dos inquiridos diziam deitar para o lixo “um pouco dos alimentos” que consumia em casa. No entanto em abril a percentagem de consumidores que admitia deitar comida fora desceu para 19%.

Em outros valores, que indicam a mesma conclusão, eram 32% os que diziam não deitar nada ou quase nada fora em janeiro, uma percentagem que em abril passou para 79%. Quanto aos que admitiam desperdiçar mais comida, “algo” ou “muito”, eram 12% antes da pandemia e passaram a 2% depois que surgiu a doença.

A Deco comparou lares com uma só pessoa e com quatro pessoas ou mais, e revela nos resultados hoje divulgados: “É visível a variação considerável entre o que se assumia deitar para o lixo antes destes tempos de confinamento. No caso do indivíduo solitário, 11% indicavam desperdiçar entre “alguma coisa” e “muito”; nos agregados de quatro ou mais pessoas, quase 15% assumiam que deitavam alimentos para o lixo. No período de confinamento, as percentagens caíram abruptamente: 1,1% nos lares de uma só pessoa e 2,4% nos que contabilizam quatro ou mais”.

No questionário, a associação de defesa do consumidor perguntou também os motivos de se desperdiçar alimentos, com um em cada quatro respostas a indicar que se estragaram porque não foram consumidos a tempo. Confecionar comida a mais foi também uma das justificações mais frequentes.

A propósito dos resultados do inquérito a Deco exige que as inscrições dos prazos de validade sejam mais claras, até porque apenas “26% dos inquiridos” diz perceber a diferença entre “consumir até” ou “consumir de preferência antes de”.

A associação lembra que “consumir de preferência antes de” se refere à data máxima de garantia de qualidade, enquanto “consumir até” diz respeito à data-limite e consumo em segurança.

E diz ainda que mais de metade (55%) dos inquiridos disse ter dificuldade em perceber qual a data indicada nos rótulos, e que 47% disse ter dificuldade em encontrar a data de validade nas embalagens

“Por esta razão, reivindicamos uma alteração de comportamento às marcas. Para que o consumidor possa rapidamente saber se está perante um produto com data-limite de consumo ou data de durabilidade mínima e evitar desperdícios, é imperioso que indiquem os prazos de validade junto da menção ´consumir até´ ou ´consumir de preferência antes de’. Revirar várias vezes um pacote de um produto, à procura de uma informação tão básica quanto fundamental, não é um bom exercício físico”, diz a Deco, associação independente e sem fins lucrativos de defesa do consumidor criada em 1974.