A medida visa garantir assistência atempada à comunidade de 55.400 habitantes do concelho do distrito de Aveiro, que desde 17 de março está em estado de calamidade pública devido ao novo coronavírus e que desde o dia 18 se encontra sob cerco sanitário - o que implica controlo de entradas e saídas no território e o encerramento de toda a atividade empresarial que não envolva bens de primeira necessidade.
"Para retirar pressão à linha Saúde 24, a Câmara Municipal implementou a Linha de Apoio Covid Ovar, para que os munícipes com sintomas possam ser atendidos e aconselhados por um profissional médico, das 08:00 às 20:00 durante a semana e das 10:00 às 18:00 ao fim de semana", explicou o presidente da autarquia, Salvador Malheiro.
O serviço está disponível através do número 300 00 24 24, tem o custo de uma chamada para a rede fixa e é exclusivo para utentes que suspeitem ter sintomas do novo coronavírus, pelo que "em todos os outros casos de emergência deverá ser usado o 112".
Quanto aos dados do boletim avançado na quarta-feira à noite pela Câmara, esta madrugada Salvador Malheiro admitiu que estavam errados e retificou a estatística local, contabilizando nessa altura 313 casos positivos da covid-19 no concelho, assim como 13 óbitos e cinco recuperações.
Do universo de doentes em causa, 128 residem na freguesia de Ovar, 71 na de São João de Ovar, 38 na de Válega e 20 na cidade de Esmoriz, repartindo-se os restantes pelas freguesias de São Vicente Pereira, Cortegaça, Maceda e Arada. Há ainda 11 casos positivos sinalizados com tendo "morada desconhecida".
No mesmo registo de balanço, o autarca referia também que, só na quarta-feira, realizaram-se no município 122 testes de diagnóstico para despistar a covid-19.
A principal expetativa do presidente da Câmara prende-se agora com a "grande decisão" do Governo quanto ao prazo de vigência da cerca sanitária em curso no território, já que o fim da mesma, pelo menos por enquanto, está previsto para as 23:59 de hoje.
Insistindo que a quarentena geográfica de Ovar "serviu para evitar o contágio aos municípios vizinhos", Salvador Malheiro realçou: "Temos tido indicadores de que os resultados são bem melhores do que aconteceria se não tivéssemos a cerca".
Em todo o caso, "ainda é cedo para retirar conclusões", ressalvou o autarca, que se comprometeu a aguardar pelas orientações da Direção-Geral de Saúde. "Depois cá estaremos para continuar este trabalho em parceria com o nosso Governo", concluiu.
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 905 mil pessoas em todo o mundo, das quais quase 46 mil morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 176.500 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 8.251 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 187 morreram, 726 estão internados em hospitais, 43 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e, no dia 19, decretou o estado de emergência para todo o país, o que vai vigor pelo menos até às 23:59 de quinta-feira.
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