“Apesar de a situação na Europa ter melhorado, a nível global, continua a piorar. No primeiro mês deste surto, menos de 10 mil casos foram reportados à OMS e, no último mês, esse número passou para quatro milhões. Prevemos atingir um total de 10 milhões de casos e de 500 mil mortos na próxima semana”, declarou Tedros Ghebreyesus.
Falando por videoconferência num debate na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu sobre a resposta mundial ao novo coronavírus, o responsável avisou os líderes e países da União Europeia (UE) que “esta é a altura de estar alerta, não é altura de baixar a guarda”.
“É altura de os países encontrarem formas de detetar, isolar, testar e tratar todos os casos e de rastrear todos os contactos”, apelou.
Tedros Ghebreyesus avisou que, “apesar de a transmissão ter sido travada em muitos países europeus, o vírus ainda circula, continua a ser mortal e a afetar as pessoas mais suscetíveis”.
“Os países europeus têm os sistemas de saúde mais avançados do mundo, mas mesmo os países mais ricos e desenvolvidos foram surpreendidos por este vírus e os seus sistemas de saúde têm estado sob pressão”, observou.
Por isso, “temos de trabalhar para garantir que aprendemos as lições da pandemia e que mundo não será mais apanhado desprevenido”, defendeu Tedros Ghebreyesus perante os eurodeputados nesta audição realizada à distância e por meios digitais devido à pandemia.
Afirmando “valorizar a liderança da UE durante este período sem precedentes”, o diretor-geral da OMS aproveitou a ocasião para “agradecer à Comissão Europeia o apoio dado à organização e a muitos países em todo o mundo para combater a doença”, mas solicitou um reforço desta ajuda, nomeadamente aos países africanos.
“A UE está numa posição única de liderar a nível global e de estabelecer o novo normal”, argumentou.
Numa altura em que se verificam também tensões geopolíticas, depois de os Estados Unidos terem ameaçado suspender o financiamento à OMS por críticas à forma como a entidade geriu o surto, Tedros Ghebreyesus apontou que “a pandemia de covid-19 é um teste à solidariedade e à liderança mundial”.
“E a UE está a responder ao desafio”, considerou.
O responsável afirmou, ainda, que “esta é muito mais do que uma crise sanitária [já que] as consequências económicas, sociais e políticas se farão sentir nos próximos anos”.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 482 mil mortos e infetou mais de 9,45 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço mais recente.
Em Portugal, morreram 1.549 pessoas das 40.415 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim de hoje da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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