"Faço aqui um novo apelo a que, no espaço público, e no espaço público de grande participação, tal como nos espaços privados já acontece e deve acontecer por regra, independentemente do número de pessoas, mas por maioria de razão com um número elevado, a máscara seja mais utilizada", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Infarmed, em Lisboa, alertando também para "o uso de máscara muitas vezes feito com displicência".

O chefe de Estado, que falava no final de mais uma reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, referiu que "em momento algum se encontrou a ideia de descontrolo da epidemia, quer a nível nacional, quer a nível da região de Lisboa e Vale do Tejo, quer na evolução do número de mortos, de óbitos, quer na pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

"O que os números mostram não é um descontrolo. O descontrolo existiria se houvesse aquilo que nalguns cenários chegou a ser aventado, que é uma duplicação ou mais do que duplicação do número de contaminados, pressionando o número de internados e de internados em cuidados intensivos. Isso não existe", reforçou.

O Presidente da República assinalou que Portugal tem neste momento um indicador de transmissão de 1,08, "curiosamente, com a região de Lisboa e Vale do Tejo abaixo das outras regiões", acrescentando: "A região Norte está com um R superior à região de Lisboa e Vale do Tejo e superior à região Centro".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o que se passa em Lisboa e Vale do Tejo é "um fenómeno localizado em algumas freguesias", e não em toda a região, nem sequer em municípios inteiros, com contágios em "coabitação próxima e eventualmente transportes", estando por apurar se "já vem de trás, e não se conhecia porque não tinha sido testado, ou é um fenómeno recente".

"O que é facto é que não tem projeção e difusão comunitária que permita dizer que toca a maioria esmagadora dos municípios da região", disse.

O Presidente da República considerou que "não pode ser esquecido" que tem havido também "um aumento do número de testes nas últimas semanas", em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde mencionou que "não há um aumento, há uma estabilização - em valores elevados, é certo - do número de infetados".

Questionado sobre a realização de manifestações neste período de pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "a questão é muito simples" e que "em relação ao exercício do direito de reunião e de manifestação", constitucionalmente garantido, "em recinto fechado como em espaço público aberto, há regras a respeitar" de saúde pública.

O chefe de Estado pediu a quem promove a estas iniciativas que faça "um esforço" de diálogo com as autoridades sanitárias e a cada um dos portugueses, sejam mais novos ou mais velhos, que contribua com "responsabilidade cívica" para o combate à covid-19.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que há ainda "muitas perguntas sem resposta" sobre esta doença provocada por um novo coronavírus, mas acrescentou que isso acontece "em todo o mundo, a começar pela Organização Mundial de Saúde (OMS)".

"No caso português, trabalha-se para obter respostas específicas? Sim. Daí os inquéritos no terreno, daí o apertar-se a malha para encontrar áreas geográficas mais pequenas, daí caminhar-se para o nível de freguesia, daí as medidas serem direcionadas e específicas. Está-se a trabalhar", sustentou.

Em Portugal, os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus foram confirmados no dia 02 de março e até agora morreram 1.543 pessoas num total de 40.104 contabilizadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).