O semanário Expresso adianta hoje, citando o coordenador da 'task force', Henrique Gouveia e Melo, que a vacinação das forças de segurança e bombeiros vai deixar de liderar as prioridades devido à escassez de vacinas, sendo reforçada a administração a pessoas com 80 ou mais anos e entre os 50 e os 79 anos com doenças crónicas.
“Admitimos que possa haver falta de vacinas, mas já não admitimos a falta de sentido ético e de lealdade de trato que merecem os bombeiros portugueses para que se alguma alteração houver, se está a ser feito algum reajustamento devíamos ter sido atempadamente avisados e respeitosamente tratados à dimensão do sentido ético que usamos com todos”, disse à Lusa Jaime Marta Soares.
O presidente da LBP disse ter ficado “surpreendido” e “preocupado” com a notícia sobre a vacinação, da qual teve conhecimento através da comunicação social.
“Vamos ter de admitir que se não há vacinas em Portugal, não há milagres que as façam aumentar. Claro que é uma insuficiência de planeamento e de logística que não fica bem a Portugal, mas admitimos que possa haver falhas no processo, na quantidade de vacinas necessária. Agora já não aceito em circunstância alguma é que não haja uma palavra a quem de direito e, neste caso, legítimo representante dos bombeiros de que esta situação poderia acontecer”, sublinhou.
Por isso, Jaime Marta Soares diz que a Liga quer saber o que se passa para informar os bombeiros.
“Queremos saber se é ainda sobre estes primeiros 50% [que estão a ser vacinados numa primeira fase] ou dos seguintes 50%. Quero que me digam o que se passa para poder informar os bombeiros”, frisou.
Jaime Marta Soares lembrou os meses que os bombeiros tiveram de esperar para serem vacinados.
“Todos nós sabemos que não chegam doentes aos hospitais (…) se não forem transportados pelos bombeiros. Todos sabemos que 95% do transporte do INEM é realizado pelos bombeiros. É uma missão de alto risco, que nós fomos cumprindo e sempre estivemos na primeira linha para chegar a todos os pontos do país”, disse.
Segundo o jornal Expresso, que cita declarações do novo coordenador da ‘task force’, Henrique Gouveia e Melo, a escassez de vacinas levou à alteração do plano inicial da vacinação, retardando a vacinação às Forças Armadas e forças de segurança, bombeiros, elementos de órgãos de soberania, como tribunais e o Parlamento, e mesmo médicos que não estejam na linha da frente.
O grosso das vacinas disponíveis será administrado a dois grupos: a pessoas com 80 ou mais anos e a pessoas entre os 50 e os 79 anos com uma das quatro doenças de maior risco para a covid-19 (cardíaca, coronária, renal e respiratória grave).
De acordo com o jornal, a escassez das vacinas e a necessidade de proteger os mais vulneráveis à covid-19 levaram o novo coordenador da ‘task force’ a redefinir prioridades na vacinação.
Henrique Gouveia e Melo adiantou ao jornal, que 90% das vacinas disponíveis destinam-se agora a “salvar vidas” e apenas 10% a “ir reforçando a resiliência do Estado em período de pandemia”.
Segundo o jornal, isto equivale “a retirar mais velocidade no ritmo de vacinação de profissionais de serviços essenciais do Estado, que também integram a primeira fase do plano e onde se incluem as Forças Armadas e forças de segurança, bombeiros, elementos de órgãos de soberania, como tribunais e o Parlamento, e mesmo médicos que não estejam na linha da frente”.
A vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro, abrangendo primeiro profissionais de saúde envolvidos na resposta a esta doença, e estendendo-se depois a profissionais e residentes em lares de idosos e unidades de cuidados continuados.
A primeira fase do plano de vacinação inclui também profissionais das Forças Armadas, forças de segurança e serviços considerados críticos. O programa de vacinação dos bombeiros arrancou em 11 de fevereiro ano Centro de Saúde da Damaia, na Amadora, no distrito de Lisboa.
Entretanto, começaram a ser vacinadas pessoas com 80 ou mais anos de idade e com 50 ou mais anos e patologias associadas.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.430.693 mortos no mundo, resultantes de mais de 109,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 15.754 pessoas dos 792.829 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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