“Quanto mais rápido for o diagnóstico do novo coronavírus (SARS-CoV-2), mais rápida é a resposta e o acompanhamento dos doentes, por forma a impedirmos a sua transmissão”, afirmou hoje, em declarações à Lusa, Luísa Pereira, investigadora do IPATIMUP.

O projeto, desenvolvido no âmbito da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ‘RESEARCH 4 COVID-19’, envolve também o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto. 

Os sintomas menos conhecidos da COVID-19 que não deve ignorar
Os sintomas menos conhecidos da COVID-19 que não deve ignorar
Ver artigo

Segundo Luísa Pereira, a ferramenta de diagnóstico, que estava a ser trabalhada no IPATIMUP no âmbito do vírus que causa a febre de dengue, vai ser “readaptada” à COVID-19.

“Vamos readaptá-la a este vírus em particular e depois testar a sua eficácia”, afirmou a investigadora, acrescentando que a ferramenta se baseia numa técnica “altamente sensível”, intitulada de ‘CRISPR-Cas13a’.

“O método baseia-se no uso de enzimas especiais que tornam o processo muito mais rápido e permite também que seja muito mais sensível, atuando a partir de quantidades mínimas de amostra e se o vírus estiver pouco concentrado, ainda assim, consegue detetá-lo”, explicou.

Acrescentando, “atualmente, depois da extração do RNA viral, preparação e processamento na máquina [o processo] demora cerca de três horas, com este método, passa a 45 minutos”.

Além de ser mais rápida, a ferramenta também é “mais barata”, sendo que o preço estimado por amostra é de um euro.

À Lusa, Luísa Pereira adiantou que a técnica já está a ser usada por alguns grupos de investigação chineses e americanos.

Com um financiamento de 30 mil euros, este é um dos 66 projetos apoiados pela linha de financiamento ‘RESEARCH 4 COVID-19’, que visa responder às necessidades do Serviço Nacional de Saúde.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Portugal contabiliza 854 mortos associados à COVID-19 em 22.797 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 34 mortos (+4,1%) e mais 444 casos de infeção (+2%).

Das pessoas infetadas, 1.068 estão hospitalizadas, das quais 188 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.201 para 1.228.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo anunciou hoje a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.

Coronavírus SARS-CoV-2: quantas horas pode sobreviver no ar, papel ou plástico?