Face à grave situação epidemiológica atual neste arquipélago com mais de 17 mil ilhas, as autoridades da Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos no mundo, decidiram proibir os grandes ajuntamentos por ocasião do Eid Al-Adha, incluindo as cerimónias de sacrifício de carneiros (prática associada à festividade), e apelaram aos fiéis para não se reunirem em oração.
Na capital do país, Jacarta, e em várias partes do território a ordem para não ir aos locais de culto foi cumprida pela maioria da população, mas muitas pessoas ainda se concentraram nas imediações das mesquitas, especialmente nas ruas.
Em Bandung, na ilha indonésia de Java, as pessoas colocaram os seus tapetes de oração em frente às respetivas casas, segundo relatou a agência France-Presse (AFP).
O Presidente indonésio, Joko Widodo, exortou os concidadãos a orarem em casa, alertando para os riscos de contraírem o novo coronavírus SARS-CoV-2 em grandes ajuntamentos públicos.
“Em plena pandemia, há algumas coisas que temos de sacrificar”, afirmou o chefe de Estado indonésio, num discurso transmitido na televisão.
“O interesse público deve ser a prioridade”, reforçou.
O arquipélago com quase 270 milhões de habitantes registou um agravamento da situação epidemiológica após o mês sagrado do Ramadão, em maio passado, durante o qual milhões de pessoas viajaram.
Na segunda-feira, a Indonésia registou um recorde diário de mortes associadas à doença covid-19, ao contabilizar 1.338 óbitos num período de 24 horas.
À escala mundial, e neste momento, é o país que está a registar mais mortes por dia, ultrapassando a Rússia ou o Brasil, segundo o balanço diário da AFP.
O número diário de novos contágios é atualmente superior a 50 mil, o que representa dez vezes mais quando comparado com os valores no início de junho.
Devido à Festa do Sacrifício, postos de controlo foram instalados nas estradas da ilha de Java e os voos domésticos estão sujeitos a uma maior fiscalização para evitar que as pessoas viajem para visitar as famílias.
Perante a atual situação epidemiológica, os hospitais em Jacarta e em toda a ilha de Java estão sobrelotados e o país enfrenta uma grave escassez de oxigénio.
Muitos doentes estão a ser recusados nos hospitais ou a ser instalados em tendas montadas junto das unidades hospitalares, e muitos deles estão a morrer em casa.
Desde o início da crise pandémica, a Indonésia totaliza 2,9 milhões de casos de infeção e cerca de 75 mil vítimas mortais.
Devido à falta de testes de diagnóstico e de rastreio dos casos, os peritos admitem que os números da pandemia na Indonésia estão subestimados.
A pandemia da doença covid-19 provocou pelo menos 4.100.352 mortos em todo o mundo, entre mais de 190,8 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência AFP.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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