“A cerca tem como limite a variante circular de Rabo de Peixe, a zona norte. Isto é, a variante não está incluída na cerca. É a parte de Rabo de Peixe a norte da variante circular de Rabo de Peixe, dentro dos limites da freguesia”, avançou o secretário regional da Saúde e Desporto, acrescentando que será publicado um mapa com a delimitação da cerca sanitária.
Clélio Meneses falava, em Angra do Heroísmo, numa conferência de imprensa de apresentação da atualização das medidas restritivas para combater a covid-19 nos Açores.
A vila de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, é atualmente a localidade no arquipélago com mais casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus (160) e está sujeita a cerca sanitária desde 13 de janeiro.
Segundo o secretário regional da Saúde, Rabo de Peixe é “o principal foco de preocupação” dos Açores, tendo sido registados nos últimos sete dias 1.196 casos por 100 mil habitantes na vila, quando o critério adotado pela região define que um concelho tem “alto risco” de transmissão com 100 casos por 100 mil habitantes.
“Há, de facto, uma descida de casos positivos, mas continua muito alto. É mais de 10 vezes mais do que o limite de alto risco, o que quer dizer que as medidas estão a ser adequadas, mas ainda não suficientes no tempo”, frisou.
Clélio Meneses sublinhou, no entanto, que esta não é “uma medida punitiva”, mas uma medida sanitária, tomada com base na “análise dos resultados epidemiológicos em cada momento”.
“Tendo em conta esta realidade, este número intenso de casos na vila de Rabo de Peixe, seria irresponsável não adotar medidas consequentes com tal realidade. Esta é a medida mais difícil de tomar, mas creiam não existe alternativa”, reforçou.
Além da cerca sanitária, o executivo criou equipas multidisciplinares, com assistentes sociais, enfermeiros, médicos e psicólogos, para fazerem “um acompanhamento permanente e presente no local” em Rabo de Peixe.
O secretário regional da Saúde disse que estas equipas já estão a funcionar, “orientando as pessoas para comportamentos, para a conduta adequada perante o contágio ou para evitar que ele aconteça, mas também para alojar os contactos próximos e casos positivos, que não tenham condições de alojamento nas suas casas para garantir a segurança dos outros”.
“Já há vários casos de pessoas que estão alojadas em estabelecimentos de apoio social ou até em hotéis, que foram retirados dos respetivos alojamentos, obviamente com a respetiva concordância, para que garantam a saúde de todos os outros”, revelou.
Segunda a avaliação do risco de transmissão do novo coronavírus nos Açores nos últimos sete dias, apenas os concelhos de Vila Franca do Campo e Ribeira Grande se mantêm em “alto risco” e apenas o da Ribeira Grande apresenta uma tendência crescente.
Os restantes concelhos do arquipélago estão em “baixo risco”, mas, na ilha de São Miguel, como há um terço dos concelhos em “alto risco” são adotadas as medidas determinadas para situações de “médio risco” nos restantes concelhos.
Já a freguesia de Ponta Garça, em Vila Franca do Campo, que também esteve sujeita a cerca sanitária recentemente, deixará de ter medidas mais restritivas, como o encerramento de estabelecimentos de restauração.
“Perante a significativa descida de número de casos positivos na freguesia de Ponta Garça, deixaram de existir as medidas especiais que existiam para Ponta Garça, que passa a ficar integrada nas medidas gerais para o concelho de Vila Franca do Campo, que está em alto risco”, explicou Clélio Meneses.
Os Açores têm atualmente 335 casos positivos ativos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, dos quais 282 em São Miguel, 36 na Terceira, 13 no Faial, três no Pico e um nas Flores.
Desde o início do surto, foram detetados na região 3.702 casos positivos de infeção pelo SARS-CoV-2, tendo ocorrido 26 óbitos e 3.240 recuperações.
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