“Em São Paulo, de forma responsável, seguindo a lei, cumprindo o protocolo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador do Brasil),e obedecendo aos princípios de proteção à vida, nós vamos iniciar a imunização dos brasileiros de São Paulo no próximo mês de janeiro”, declarou o governador, João Doria, em conferência de imprensa.
Segundo Doria, na segunda-feira será apresentada uma proposta estadual de imunização.
“Vamos apresentar de forma precisa, com cronograma, setores, volume de vacinas, regiões, áreas, logística e todo o processo. Já temos esse plano pronto há pouco mais de 20 dias”, garantiu Doria, ao criticar o plano preliminar de imunização apresentado pelo Ministério da Saúde brasileiro, que sinaliza o início da vacinação no país para março do próximo ano.
“Eu indago se os membros do Governo federal não enxergam e não registam o facto de que temos mais de 500 brasileiros que morrem todos os dias de covid-19. Qual o motivo de iniciar uma imunização em março, se podemos fazer isso já em janeiro?”, questionou o governador, que se tornou um dos adversários mais ferrenhos do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o que levou a uma forte disputa política em torno da Coronavac.
Doria frisou que a vacinação em São Paulo será realizada mesmo sem investimento do Governo federal.
Contudo, a vacina chinesa só estará disponível para a população brasileira quando for verificada a sua eficácia, o que deve ocorrer após a conclusão da terceira fase dos estudos clínicos, e posterior aprovação e registo pela Anvisa.
O imunizante está em fase final de testes clínicos em humanos no Brasil e deve ter os resultados de eficácia anunciados na primeira quinzena de dezembro.
“Teremos até dia 15 a apresentação dos resultados de eficácia do estudo clínico que o Butantan patrocina para essa vacina nos 16 centros brasileiros. A vacina está a cumprir todos os protocolos, seguindo o que é proposto pela Anvisa. Todo o dossiê está a ser encaminhado e será fechado até 15 de dezembro. A vacina estará apta a ser fechada. Nós vamos solicitar o registo normal do imunizante”, garantiu Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
O governo de São Paulo firmou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac e para a transferência de tecnologia para o Instituto Butantan, principal centro de referência imunológica do Brasil e que está vinculado ao governo de São Paulo.
O Ministério da Saúde brasileiro anunciou na terça-feira uma estratégia “preliminar” de vacinação contra a covid-19 que dará prioridade a idosos, profissionais de saúde e indígenas.
O executivo de Jair Bolsonaro prevê iniciar a imunização em março nesses grupos, mas não há perspetiva de vacinar toda a população até ao final de 2021.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,4 milhões de casos e 174.515 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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