A plataforma, que reúne todas as estruturas representativas dos médicos, analisou várias temáticas, nomeadamente a evolução da pandemia e várias declarações vindas a público sobre o caso do Lar de Reguengos de Monsaraz e o papel dos médicos, e emitiu uma declaração pública em que faz várias críticas e alertas.
No documento enviado às redações, o Fórum Médico lamenta “as várias tentativas públicas e privadas de denegrir a imagem dos médicos, que não ficam esclarecidas nem sanadas sem um pedido de desculpas formal”, mas garante que “os médicos continuarão onde sempre estiveram, ao lado dos seus doentes, num juramento que está muito para lá de qualquer mandato político”.
Repudia a gestão política feita em alguns momentos da pandemia, que levou a que tenham sido tomadas “algumas medidas avulsas e sem critério estratégico, acabando por deixar milhões de outros doentes com consultas, exames e cirurgias a descoberto”.
Dá como exemplo o que acontece nos lares, que, em vez de se responsabilizar quem os gere para garantir médico e enfermeiro, se deslocalize médicos de família, “extravasando as suas tarefas, o que não só não será a melhor resposta para salvar as vidas daqueles doentes com covid-19, como deixa a descoberto os 1.900 utentes”, por quem "cada médico de família é responsável”.
No documento hoje divulgado, apela também aos políticos para que reconheçam “o papel essencial” que os idosos tiveram “na construção da sociedade, apostando numa estratégia para os lares, focada na dignidade humana e nas necessidades especiais dos mais velhos, tranquilizando os seus familiares e a sociedade”.
Para o Fórum Médico, é “urgente” avançar para "um plano de investimentos que resolva os principais problemas dos hospitais e centros de saúde, e que reforce o papel dos médicos de saúde pública”.
No documento, aponta críticas à ministra da Saúde, Marta Temido, por ainda não ter reunido com os médicos desde que tomou posse neste Governo: “Nem perante a emergência de saúde pública que atravessamos, a ministra foi capaz de dialogar com a liderança clínica, a resolver nos hospitais e centros de saúde a falta de visão da Avenida João Crisóstomo" (o local onde se encontra o Ministério da Saúde).
Uma atitude, afirma, que “será sempre de estranhar numa democracia e impossibilita que o Governo conheça o que de facto acontece no terreno” e se possa apoiar em quem está todos os dias ao lado dos doentes.
Os representantes dos médicos alertam ainda para a não existência de um plano de retoma da atividade que permita recuperar “todos os doentes possíveis”, advertido que “o recurso excessivo a uma ‘telemedicina’, que nem sequer reúne condições de qualidade e segurança mínimas, pode mascarar ainda mais os problemas dos doentes”.
Reiteram ainda os profissionais de saúde, através do Fórum Médico, "a enorme preocupação com o inverno”, altura em que às dificuldades habituais se junta uma possível segunda onda pandémica, e em que os profissionais de saúde estão "esgotados por meses duros de trabalho, premiados com ingratidão por parte do poder político”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 946 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.888 em Portugal.
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