No regresso das crianças do pré-escolar aos jardins de infância, a estrutura sindical alertou para casos em que as orientações dos ministérios da Educação e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não estão a ser cumpridas.

Um destes casos verificou-se num agrupamento de escolas, que a Fenprof não identifica, que duplicou o período de permanência das crianças na escola, com acompanhamento feito por educadoras de infância diferentes, entre o período da manhã e o período da tarde.

“Esta medida, aliada à não garantia de todos os equipamentos de proteção individual para todos os profissionais, contraria a orientação sanitária de que a criança não deve permanecer no estabelecimento por tempo superior ao estritamente necessário e merece a nossa veemente condenação do ponto de vista pedagógico”, alerta em comunicado.

A Fenprof denunciou ainda que uma autarquia, que também não identifica, decidiu encerrar jardins de infância para concentrar crianças em menos espaços, contrariando a orientação que estabelece, por outro lado, que os estabelecimentos se possam expandir para espaços inutilizados para maximizar o distanciamento entre as crianças.

“Esta orientação pressupõe a divisão dos grupos para garantir o distanciamento social e a redução do número de pessoas em sala de atividades educativas, enquanto que a decisão desta autarquia aponta precisamente para o contrário”, sublinham.

Durante a manhã de hoje, os dirigentes sindicais da Fenprof acompanharam a reabertura de vários jardins de infância em todo o país que, segundo a estrutura sindical, receberam apenas cerca de 35% das crianças habituais, na maioria das situações.

Alguns dos jardins de infância, acrescentam, receberam apenas uma a três crianças e foram poucos aqueles em que mais de metade das famílias optou por voltar a deixar os filhos na escola.

Em Briteiros, Guimarães, a coordenadora do Departamento de Educação Pré-Escolar da Fenprof, Júlia Vale manifestou "muita preocupação" com a reabertura dos jardins de infância e criticou o Ministério da Educação por não ter procedido à testagem generalizada de educadores e funcionários à covid-19

"Há coisas que falharam da parte do Ministério da Educação", referiu.

Portugal contabiliza pelo menos 1.424 mortos associados à covid-19 em 32.700 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório apenas para pessoas doentes e em vigilância ativa e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

Novas medidas entraram em vigor hoje, com destaque para a abertura dos centros comerciais (à exceção da Área Metropolitana de Lisboa, que continuarão encerrados até, pelo menos, 04 de junho), dos ginásios ou das salas de espetáculos. Estas medidas juntam-se às que entraram em vigor no dia 18 de maio, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

Sábado regressaram as cerimónias religiosas comunitárias enquanto a abertura da época balnear acontecerá em 06 de junho.